Em um intervalo de 24 dias, o Campeonato Brasileiro testemunhou a queda de cinco treinadores. Desde a demissão de Muricy Ramalho, no dia 19 de junho, a média foi de uma demissão em menos de seis dias, estatística turbinada pela queda de três técnicos nesta sexta-feira.
O mais surpreendente nesse período de ‘guilhotina’ são nomes que foram descartados. Além do comandante tricampeão nacional, também foram sacados nomes como Vanderlei Luxemburgo – o maior vencedor da história da competição – e Carlos Alberto Parreira – integrante do mais que seleto grupo dos campeões mundiais com a seleção.
Completam a lista o ex-santista Vagner Mancini, que chegou à Vila Belmiro com status de revelação da categoria, após uma ótima temporada de 2008 com Grêmio e Vitória, e o já rodado Márcio Bittencourt, que, depois de vitoriosa passagem pelo Corinthians, não se firmou no mercado. O Náutico foi sua mais recente escala.
Até a nona rodada, apenas dois treinadores haviam sido sacados: Nelsinho Baptista no Sport, dando lugar a Emerson Leão, e Geninho no Atlético-PR (e ele já está devidamente empregado na vaga de Bittencourt).
Outras duas mudanças foram realizadas, mas por outras vias. O interino Marcelo Rospide abriu caminho para a chegada de Paulo Autuori no Grêmio. E, no único movimento que de fato caracterizou uma dança de cadeiras até aqui, Waldemar Lemos deixou o, vejam só, Náutico para acertar com o Atlético-PR.
Quer dizer, o Náutico então não é o exemplo a ser seguido pelos clubes que acabaram de demitir seus comandantes. Veja qual é o cenário para cada uma dessas equipes:
– Fluminense: Sai um tetracampeão mundial, e entra o auxiliar Vinícius Eutrópio. Quem? Justamente: essa deve ser a pergunta na cabeça dos torcedores rivais, pouco habituados à rotina de treinos e noticiário nas Laranjeiras. A justificativa de dar a chance a Eutrópio, do vice-presidente Tote Menezes, não é muito animadora, todavia, destacando-se os trechos “permanecer só depende dele” e “no momento, ele é o nome certo”.
– Náutico: Geninho chega ao Recife com a missão de escapar zona de rebaixamento. O Timbu ocupa o penúltimo lugar, com apenas oito pontos em dez partidas. A boa notícia é que só dois pontos o separam dessa meta de ‘respiro’, embora o recomendável seja mesmo uma arrancada maior para um time que flertou de modo perigoso com as últimas posições já no Brasileirão passado.
– Palmeiras: Após demitir Luxemburgo no dia 26 de junho, a diretoria liderada pelo presidente Belluzzo partiu sedenta em direção a Muricy. Mas, para pular o muro na Barra Funda, o técnico pediu caro. A diferença entre as propostas acabou impedindo um negócio que era dado como certo (ou quase). Agora, após entrevista em conjunto a Milton Neves, o técnico já usou o termo “arrependido” e disse ainda que “está sempre aberto” a conversas. Agora os cartolas já pregam paciência e também não descartam a efetivação de Jorginho, que caiu nas graças do elenco.
– Santos: ao tentar explicar a demissão de Mancini, o presidente Marcelo Teixeira não foi muito claro… O fato é que havia pressão interna para a mudança e a goleada sofrida em Salvador machucou bastante também. Mais um clube na fila pelos serviços de Muricy? Esse é o primeiro comentário. Luxemburgo também seria uma (velha conhecida) opção. Paciência nunca foi o forte do presidente Marcelo Teixeira, que fala em achar um substituto para esta semana. Enquanto ele não vem, Serginho Chulapa será o técnico contra o Barueri, na quinta-feira.
– São Paulo: Ricardo Gomes tem uma vitória, um empate e uma derrota no comando do atual tricampeão. Não é o retrospecto que o presidente Juvenal Juvêncio tinha em mente ao mandar Muricy embora, parece claro. Até quando vai a paciência com o treinador, sua aposta pessoal? Enquanto isso, o ex-zagueiro da seleção se esforça para ganhar a confiança de um elenco desanimado e da torcida.
IGEsp