O infarto é uma doença traiçoeira. Pode dar sinais claros de que está ocorrendo, como dores do lado esquerdo do peito, ou ainda outros que não despertam suspeitas -uma sensação súbita de indigestão, por exemplo.
A doença que no último sábado vitimou o secretário paulista da Saúde, o médico Roberto Barradas Barata, aos 57 anos, está entre as maiores causas de morte no mundo.
A maioria dos pacientes não sabe distinguir os sinais do infarto dos de outras doenças, segundo o cardiologista César Jardim, do HCor.
O infarto acontece quando uma artéria próxima ao coração é obstruída por placas de gordura. Sem receber oxigênio e nutrientes trazidos pelo sangue, o coração morre.
Esse processo pode irradiar dores para outras regiões, diz o cardiologista do Hospital Sírio-Libanês Roberto Kalil Filho.
É o que explica o desconforto em costas, ombros, mandíbula e estômago e as náuseas sentidos por quem, em seguida, infarta.
O que torna mais difícil saber o que está acontecendo é o fato de essas manifestações ocorrerem mesmo sem os sintomas mais comuns da doença -as dores no peito que depois alcançam o pescoço e o braço esquerdo.
Por isso, defende Kalil Filho, é preciso descartar o risco de infarto para todo sintoma entre umbigo e pescoço.
A recomendação é procurar um médico ao notar qualquer alteração, nem que seja para descobrir que não se tem nada ou que se trata de outra das várias doenças cujos sinais se confundem com os de um infarto, como asma.
Os sintomas do infarto podem durar dias, de forma ininterrupta, ou ainda se manifestar em intervalos.
O consenso médico é que, em se tratando de coração, é essencial buscar um diagnóstico precoce.
A atenção deve ser redobrada para os grupos de risco da doença, como os idosos. Neles especialmente o infarto pode aparecer sem apresentar nenhum sintoma prévio, o que dificulta ainda mais a detecção da doença.
Nos homens, ele é mais frequente a partir dos 55 anos e, nas mulheres, após os 65.
FATORES DE RISCO
Os mais jovens, contudo, também são vítimas. Especialmente se têm colesterol alto, hipertensão, diabetes, estresse, histórico de doenças cardíacas na família ou se são fumantes.
“Esses devem passar por uma consulta clínica de vez em quando, mesmo se ainda têm 30 ou 40 anos. É importante medir a pressão e fazer exame de colesterol”, afirma Luiz Antonio Machado César, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Alimentação saudável, controle do peso e exercícios físicos também são importantes para a prevenção.
O secretário Barradas estava em casa quando passou mal no último sábado. Ele foi levado ao Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Lá, ainda foi feito um cateterismo de urgência, que não surtiu efeito.
MÁRCIO PINHO
DE SÃO PAULO