Para reforçar o combate à criminalidade em São Paulo, o Ministério da Justiça incluiu no pacote de cooperação com o estado um moderno aparelho para bloqueio de celulares em presídios. Chamada GI-2, a maleta de interceptação de última geração identifica com precisão o número do aparelho e o chip, uma arma essencial no combate a organizações criminosas comandadas de dentro dos presídios, como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Leia também: noite tem oito mortos a tiros na Grande São Paulo
Veja galeria de fotos da onda de criminalidade em SP
Até agora, além das vítimas civis, a guerra não declarada entre a facção e as forças de segurança deixou 93 PMs mortos. Sabe-se, desde agosto, que ordens para matar policiais vêm de dentro dos presídios.
Testada recentemente no complexo penitenciário de Salvador, que tem 6.000 detentos, a maleta detectou 1.500 celulares em posse dos presos. Os aparelhos foram bloqueados e recolhidos. Uma estatística reforça, no governo, a crença na eficiência do equipamento: nos dias seguintes, a criminalidade geral na capital baiana – incluindo homicídios – teve redução média de 25%. O equipamento foi usado pela primeira vez em 2006 pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) no presídio federal de Catanduvas.
Para o diretor-geral do Depen, Augusto Rossini, o fato não é casual e confirma análises de inteligência que apontam o uso de celular em presídio como fator alimentador da criminalidade nas ruas. "Oferecemos ao governo paulista e, pela eficiência do aparelho, temos certeza de que a ideia será adotada", afirmou ele. A maleta usa o princípio da Estação de Rádio Base (ERB) para identificar e bloquear todos os celulares de uma área, sem afetar os da vizinhança.
Desenvolvido em Israel, o equipamento usa a frequência das ondas de telefonia pela qual os presos se comunicam, mas não tem função de escuta, que só pode ser feita com autorização judicial, explicou o diretor. Cada kit custa hoje 1 milhão de reais, mas o preço pode cair se houver lote grande de encomendas. O Depen planeja expandir o uso da maleta para os presídios de todo o Brasil. O governo paulista ficou analisar e de dar resposta à oferta posteriormente.
Bloqueio em estradas – Os governos federal e de São Paulo iniciam nesta segunda-feira uma série de ações conjuntas, com destaque para o bloqueio nas divisas paulistas. O plano integrado de combate à criminalidade se destina, segundo informou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a asfixiar o fluxo financeiro do PCC, montar um cinturão de contenção do tráfico em torno das fronteiras e isolar e enfraquecer bandidos para intensificar capturas.
A Polícia Rodoviária Federal ficou encarregada de coordenar a montagem, com forças policiais locais, do cinturão de proteção, sobretudo no limite com Mato Grosso do Sul, por onde entra a maior parte do contrabando, drogas e armas que alimentam o crime organizado. Segundo o ministro, a contenção de fronteira será "uma colaboração valiosa" que as forças federais darão ao esquema de segurança paulista.
A blindagem do entorno paulista será feita em comum acordo com o governo estadual. "Vamos pegar o modal terrestre e criar um rigoroso esquema de fiscalização em quatorze pontos de entrada, em ações conjuntas da PF e PRF com a polícia estadual e assim controlar o ingresso de armas, drogas e contrabando em São Paulo", explicou Cardozo. "Também exerceremos controle mais rígido nos aeroportos e portos."
VEJA
(Com Estadão Conteúdo)