A morte de Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência, pode sensibilizar parte do eleitorado indeciso e capitalizar a candidatura de Marina Silva, atual vice na chapa do socialista.
Segundo analistas consultados pelo iG, caso seja oficializada como cabeça de chapa pela Coligação Unidos pelo Brasil, Marina deve angariar votos entre os eleitores brasileiros que ainda não tinham escolhido candidato e daqueles que pretendiam anular o voto. Segundo pesquisa do Ibope divulgada na última quinta (7), o porcentual de eleitores dispostos a votar branco ou anular somam 13% dos votos.
"O episódio, em si, traz uma carga emocional muito grande. E isso acaba sensibilizando uma parcela do eleitorado. Assim, acredito que o porcentual de indecisos deve cair em favor de Marina. Até Dilma e Aécio também devem perder alguma coisa", afirma o cientista político Murillo de Aragão, da Arko Advice, consultora especializada em análises eleitorais com sede em Brasília.
A opinião de Aragão é semelhante à do também cientista político Rodrigo Mendes Ribeiro, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "[O episódio] tem um caráter emocional e por mais trágica que tenha sido a morte, ela pode ser um diferencial na campanha de Marina", fala Ribeiro.
O cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, explica que não é inédito o fato de mortes trágicas favorecerem determinada candidatura. "O caso pode ser utilizado na campanha de Marina, mas isso não seria algo inédito. A própria morte de Miguel Arraes foi algo que, de alguma medida, beneficiou Campos em 2006. O povo brasileiro é muito sentimental, muito suscetível a esse tipo de impacto", diz Barreto.
De acordo com o também cientista político Michel Zaidan, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mesmo se utilizar o episódio durante a campanha, Marina vai enfrentar o "desafio" de sensibilizar o eleitorado nacional que "sequer conhecia" o candidato Campos.
"Se ela não for boba, ela vai tirar partido da morte dele. Mas o fato é que, diferentemente do avô Miguel Arraes, Campos não tinha um reconhecimento nacional de seu legado político. O eleitor está surpreso pela tragédia, mas não comovido pela perda do político Eduardo Campos. Foi curta a história política dele", afirma Zaidan.
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