Uma bala perdida matou anteontem o menino Vagner Floriano Rodrigues, de nove anos, que tomava leite nos braços do pai, o borracheiro Carlos Rodrigues Gomes, de 37. Dois ladrões trocaram tiros com o segurança de um posto de combustível. O garoto e o pai ficaram no fogo cruzado. Vagner foi baleado no braço e a bala transfixou no tórax. Levado por populares ao Pronto-Socorro de Cuiabá (PSC), o garoto morreu durante o trajeto. A polícia já tem um suspeito do crime.
Marciano Pereira da Rocha, de 20 anos, foi reconhecido por uma das testemunhas do assalto. No final da tarde de ontem, o delegado titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Márcio Pieroni, recebeu o resultado do exame de balística apontando ter sido o projétil de um revólver calibre 38 que atingiu a criança, diferente do calibre da arma utilizada pelo policial militar que fazia bico de segurança no posto de gasolina – uma pistola 380 milímetros.
Diante do reconhecimento do suposto latrocida, o delegado pediu o exame residuográfico – para atestar a existência de pólvora na mão que deferiu o tiro – do suspeito e, se confirmado que partiu dele o disparo, Pieroni pedirá a prisão preventiva de Rocha. Ele já havia sido detido para averiguações pouco depois do crime, no PSMC, mas foi liberado (ver matéria).
FATOS – O assassinato de Vagner ocorreu na terça-feira à noite no pátio de um posto de combustível localizado na bifurcação da avenida República do Líbano com a rua Hélio Ribeiro, próximo ao Detran.
Segundo relato de testemunhas, dois ocupantes de uma motocicleta estacionaram o veículo na rua Hélio Ribeiro. Armados com revólveres, eles renderam o frentista de plantão e tomaram todo o dinheiro do caixa. Em seguida, caminharam para a motocicleta, mas o vigia, que fica na loja de conveniência, saiu com uma arma atirando em direção dos bandidos.
“O borracheiro estava sentado numa cadeira. Quando começou o tiroteio, ele estava no meio e uma bala acertou o filho dele. Foi um desespero. Mesmo com tantos tiros, os ladrões conseguiram fugir”, disse uma testemunha, que suspeitava ter sido um dos tiros disparados pelo segurança que atingiu o menino.
Carlos Rodrigues relatou à polícia que, no momento em que ouviu os disparos, pulou da cadeira e deitou-se no chão para se proteger dos tiros. “Vi, então, que meu filho estava sangrando. Percebi que um tiro acertou bem no braço”, disse.
Conforme policiais da DHPP que estiveram no local iniciando as investigações, o vigia fica na loja de conveniência, de onde tem uma visão panorâmica do local. Ao perceber o assalto, saiu para render os bandidos, mas a abordagem acabou em tragédia.
“O militar agiu de forma imprudente atirando contra os bandidos, que atiram mesmo, porque não têm nada a perder”, observou um policial. “Houve uma seqüência de disparos entre os assaltantes e o segurança do posto e um dos disparos acertou o menino que estava próximo”.
