Os casos de sarampo no mundo quadruplicaram nos primeiros três meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira, acrescentando que, na África, o aumento foi de 700%.
Até 2016, a doença estava em queda.
“Até o momento, em 2019, 170 países relataram 112.163 casos de sarampo à OMS e, no ano passado, na mesma data, 28.124 casos de sarampo haviam sido registrados em 163 países, representando um aumento de quase 300% em escala global”, disse a agência da ONU em um comunicado após afirmar que estes são números provisórios e ainda incompletos.
A OMS estima que menos de um em cada dez casos são relatados em todo o mundo.
A África é a região mais afetada por este aumento, com uma elevação de 700% nos primeiros três meses do ano (em comparação anual), seguida pela Europa (+300%), o Mediterrâneo Oriental (+100%), as Américas (+60%) e a região do Sudeste Asiático/Pacífico Ocidental (+40%).
O sarampo é uma das doenças mais contagiosas do mundo e para a qual não há tratamento curativo, mas pode ser prevenida com duas doses de uma vacina “segura e eficaz”, segundo a OMS.
O sarampo está reaparecendo em todo o mundo por causa da desconfiança em relação as vacinas nos países ricos, enquanto nos países pobres o aumento se deve à falta de acesso à saúde.
Os “anti-vax” se baseiam em uma publicação de 1998 que relaciona esta vacina ao autismo. No entanto, foi estabelecido que seu autor, o britânico Andrew Wakefield, havia falsificado seus resultados, e vários estudos demonstraram desde então que a vacina não aumenta o risco de autismo.
Segundo a OMS, surtos de sarampo estão ocorrendo na República Democrática do Congo, Etiópia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Madagascar, Mianmar, Filipinas, Sudão, Tailândia e Ucrânia, “causando muitas mortes, principalmente entre as crianças muito novas”.
“Nos últimos meses, o número de casos também atingiu picos em países com alta cobertura geral de imunização, particularmente nos Estados Unidos, Israel, Tailândia e Tunísia, à medida que a doença se espalhou entre grupos de pessoas não vacinadas”, explicou a OMS.
Em 2017, 110.000 mortes atribuíveis ao sarampo foram registradas, de acordo com a OMS.
A doença se manifesta por febre alta e, em seguida, erupção de placas. É contagiosa quatro dias antes e depois desta erupção.
Muitas vezes benigna pode, no entanto, causar complicações graves, respiratórias (infecções pulmonares) e neurológicas (encefalite), especialmente em pessoas frágeis.
As autoridades de saúde globais enfatizam a importância da vacina, individualmente, mas também coletivamente: alta cobertura de imunização (95% da população) protege pessoas que não podem ser vacinadas, especialmente porque seu sistema imunológico está enfraquecido.
No entanto, esta taxa de cobertura global (para a primeira dose de vacina) estagnou por vários anos para 85% de acordo com a OMS.
AFP/Istoé