Os empresários Darci José Vedoin, Luiz Antônio Vedoin e Ivo Marcelo Spínola, genro de Darci, tiveram as prisões preventivas revogadas pelo juiz da 2ª Vara Federal de Mato Grosso, Jéferson Schneider. Com as revogações, o único que continua preso da Operação Sanguessuga é o empresário Ronildo Medeiros, dono da empresa Frontal.
Luiz Antônio já havia deixado a cadeia anteontem à noite, após colaborar com a Justiça em nove dias de depoimento. Já a soltura de Darci e Ivo era esperada para a noite de ontem, segundo o advogado Otto Medeiros. Darci e Luiz Antônio são proprietários da empresa Planam, acusada de pagar propina a deputados em troca de emendas parlamentares direcionadas.
Otto Medeiros comentou que a decisão pela liberdade dos três mostra que não havia um acordo pré-estabelecido para a soltura logo após os novos depoimentos e comprova que não havia acordo de delação premiada. Medeiros confirmou que mesmo soltos, Darci e Ivo serão interrogados novamente e colaborarão com a Justiça, mas ainda não há definição de data. A decisão que colocou Darci e Ivo nas ruas foi tomada no início da noite de ontem.
Luiz Antônio encerrou a audiência com o juiz da 2ª Vara Federal, Jeferson Schneider, na terça-feira por volta das 21 horas e saiu do anexo do Pascoal Ramos (Polinter) no final da noite. Durante o depoimento, ele contou com detalhes como funcionava a fraude, citando inclusive parlamentares para quem a Planam pagou propina.
Apesar de ainda continuar preso, Ronildo Medeiros foi o primeiro a mostrar interesse em colaborar com o juiz Schneider, vontade dividida em seguida pelos três membros da família Trevisan Vedoin, considerados peças chaves para o esquema pelas investigações da Polícia Federal.
A audiência de Luiz Antônio na Justiça Federal durou nove dias (ininterruptos, incluindo sábado e domingo), período considerado impressionante pelos membros da CPI dos Sanguessugas. Em entrevista na segunda-feira, o presidente da Comissão, deputado federal Antônio Carlos Biscaia (PT/RJ), disse que não tinha conhecimento de uma audiência tão longa na Justiça. Os membros da CPI agora aguardam que a Justiça de Mato Grosso encaminhe os autos da audiência para que eles analisem.
Mesmo com a garantia do juiz Jeferson Schneider do encaminhamento dos autos, a Comissão decidiu ontem remarcar o depoimento de Luiz Antônio para o dia 25 de julho. Para o relator, senador Amir Lando (PMDB/RO), apesar da riqueza de detalhes das informações que constam no depoimento, muitos pontos ainda precisam ser esclarecidos.
Os empresários querem mostrar à Justiça que são “descartáveis” no esquema de compra e venda de emendas e que já devem existir outros fazendo esse papel na Câmara e Senado.
Ontem Amir Lando declarou que o benefício da delação premiada pode muitas vezes resultar em excessos, porque os suspeitos podem tentar livrar a “própria pele e transferir toda a responsabilidade para os outros”.
Segundo Lando, informações repassadas à CPI mostram que os empresários estão tentando “passar imagem de que foram os missionários do bem e os parlamentares, os emissários do Apocalipse”.