O grupo terrorista ETA (Pátria Basca e Liberdade) anunciou nesta terça-feira o retorno à luta armada a partir de amanhã, em uma decisão qualificada de “equivocada” pelo governo espanhol.
O ETA anunciou o oficialmente o fim do cessar-fogo permanente, que havia decretado no dia 22 de março de 2006, em comunicado enviado aos jornais separatistas bascos “Berria” e “Gara”. No texto, o grupo diz que decidiu “defender com as armas o povo, que é agredido com as armas”.
No comunicado redigido em euskera (língua basca), o ETA diz que irá “suspender o cessar-fogo por tempo indeterminado e atuar em todas as frentes em defesa da Euskal Herria” a partir das 0h desta quarta-feira (19h de Brasília de terça-feira).
Segundo o grupo armado, “atualmente não há condições mínimas para seguir com o processo de negociação” promovido pelo governo socialista espanhol após o cessar-fogo do ETA, que em quase 40 anos de confrontos com o Estado, que mataram mais de 800.
O anúncio representa o fim oficial da trégua, o que já havia acontecido na prática em 30 de dezembro do ano passado, quando um atentado do ETA no aeroporto madrileno de Barajas matou duas pessoas.
O chefe de governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, afirmou que o ETA “voltou a se equivocar” tomando esta decisão. “A sociedade espanhola não vai ceder a nenhuma das ameaças ou aos desafios aos quais querem submeter”, afirmou ele.
“O governo usa e usará todos os meios para a defesa da convivência, da liberdade e da segurança de todos os cidadãos”, acrescentou.
“Teremos uma resposta baseada na defesa comum dos valores e instituições democráticas, na estrita aplicação do Estado de direito, na eficácia das Forças e corpos de segurança do Estado e na colaboração internacional”, prosseguiu Zapatero, que fez do processo de paz no País Basco uma prioridade ao assumir o poder em abril de 2004.
No comunicado, a organização armada acusa o governo Zapatero de ter “respondido ao cessar-fogo com detenções, torturas e perseguições”.
Fracasso
Esta é a terceira vez que o ETA frustra as esperanças do fim da violência depois de duas tentativas anteriores, em 1989 e 1998, depois da qual o grupo retomou as ações terroristas no início de 2000.
Fontes policiais haviam alertado nos últimos dias o governo sobre iminência de um atentado do ETA.
“A decisão do ETA vai radicalmente na direção contrária ao caminho que deseja a sociedade basca e a espanhola, o caminho da paz. Um caminho que só tem um final, o do abandono definitivo das armas, um caminho que só pode ser iniciado e percorrido com a renúncia completa à violência”, concluiu Zapatero.
FO