Após a prisão de sete suspeitos no Reino Unido e um na Austrália, oficiais britânicos investigam a trama que resultou em três tentativas de atentados terroristas na Inglaterra e na Escócia desde a última sexta-feira (29). A mídia local noticiou nesta terça-feira relatos de que os mesmos homens que deixaram dois carros-bomba em Londres na sexta-feira jogaram um jipe Cherokee contra o aeroporto de Glasgow no sábado.
Andy Rain/Efe
Policiais patrulham ruas de Londres; suspeitos de terror são investigados
A polícia se recusou a comentar nesta noite o relato feito pela rede de TV SkyNews de que todos os atentados tenham sido perpetrados pelos mesmos homens. A informação foi publicada na edição eletrônica do jornal “The Guardian”.
Segundo o jornal, a SkyNews afirma que os homens que realizaram o atentado com o jipe na Escócia foram levados a agir depressa por temerem a ação da polícia após o fracasso do carros-bomba em Londres. Os dois carros deixados no centro da cidade foram encontrados pelas autoridades antes que pudessem se detonados.
“Não comentamos investigações em andamento”, disse um porta-voz da Polícia Metropolitana de Londres. Relatos da mídia não confirmados pelas autoridades também afirmam que todos os oito suspeito detidos já trabalharam para o Sistema Nacional de Saúde britânico.
Ao menos outro dois médicos –um palestino e um iraquiano– estariam entre os sete detidos no Reino Unido. Segundo autoridades britânicas, Bilal Talal Abdul, iraquiano que trabalhava no Hospital de Glasgow, foi um dos dois detidos no aeroporto de Glasgow no sábado.
Hospitais
A polícia parece já ter estabelecido relações entre alguns dos suspeitos detidos. O diretor do Centro de Estudos de Inteligência e Segurança Brunel, Anthony Glees, afirmou que a maioria dos suspeitos eram conhecidos pelo MI5 (inteligência britânica) antes dos ataques.
Reuters
Asha, acusado de planejar ataques terroristas no Reino Unido
O médico detido em um aeroporto de Brisbane, na Austrália, já trabalhou no mesmo hospital onde era funcionário outro médico em poder da polícia britânica, disseram oficiais hoje.
Um porta-voz do hospital Halton, de Runcorn, Cheshire (Reino Unido), disse que o Muhammad Haneef, 27, detido em Brisbane, já trabalhara no hospital em 2005. O suspeito foi encontrado pela polícia quando tentava embarcar com uma passagem só de ida para a Índia. A polícia australiana deteve o suspeito após receber um alerta das autoridades britânicas.
Outro detido, um médico de 26 anos, preso em Liverpool na noite do último sábado, também trabalhou no mesmo hospital, disse o porta-voz. Ambos parecem ser de nacionalidade indiana.
Um segundo médico que estava trabalhando na Austrália está sendo interrogado pela polícia local, mas não foi preso. Este médico chegou à Austrália após trabalhar também em Liverpool, na Inglaterra.
Um homem detido em uma rodovia no centro da Inglaterra no sábado também foi identificado como um médico chamado Mohammed Jamil Abdelqader Asha, segundo a polícia.
Palestino nascido na Arábia Saudita e com passaporte jordaniano, Asha se graduou em 2004 e trabalha como neurologista na Universidade de North Staffordshire, em Stoke-on-Trent. A polícia diz acreditar que Asha era o mentor dos atentados. Ele foi detido ao lado da mulher, Marwah, 27, que era assistente médica do Serviço Nacional de Saúde, em uma estrada no Condado de Cheshire.
Escócia
Os três homens detidos na Escócia depois que o jipe foi lançado contra o aeroporto de Glasgow foram transferidos hoje para o posto policial Paddington Green, em Londres, para interrogatório, segundo o “Guardian”.
A polícia escocesa também está investigando se o jipe usado no atentado em Glasgow é o mesmo carro que foi visto em uma propriedade industrial dias antes.
Uma das firmas da propriedade tem um estoque de cilindros de gás iguais aos que foram encontrados em todos os três veículos usados nos atentados, informou o jornal britânico.
Heathrow
Também hoje, um dos terminais do Aeroporto Internacional de Heathrow foi reaberto após uma paralisação que causou o cancelamento de cerca de 55 vôos, informaram oficiais.
Autoridades fecharam o terminal depois que uma sacola suspeita foi encontrada no local.
02.jul.2007/AP
Policiais patrulham aeroporto de Heathrow, em Londres, onde a segurança foi elevada
Milhares de passageiros que estavam no terminal 4 foram retirados. A sala de espera para embarque também foi esvaziada, e os passageiros passaram por uma segunda revista.
Após os procedimentos de segurança, o terminal foi reaberto pouco depois das 17h (13h de Brasília). Os vôos com chegada no terminal não foram afetados pelo fechamento.
A companhia British Airways cancelou todas as decolagens para países da Europa previstas para hoje no terminal. Um porta-voz informou que os passageiros com vôo marcado para sair do terminal nesta tarde devem entrar em contato com as empresas aéreas.
O Reino Unido está sob alerta terrorista “crítico” –o maior nível– desde que dois carros-bomba foram desativados pela polícia no centro de Londres, na sexta-feira (29).
Explosões controladas
Equipes de especialistas em explosivos realizaram três explosões controladas em um carro deixado em frente a uma mesquita em Glasgow, na Escócia, nesta terça-feira.
“Não há informações específicas de que o veículo seja uma ameaça, mas estamos trabalhando conjuntamente com especialistas em explosivos nos últimos dias”, afirmou o superintendente Stewart Daniels, da polícia de Strathclyde, à rede britânica BBC.
Segundo a polícia, no entanto, não foram encontrados explosivos em nenhum dos dois locais.
Governo
Os atentados são um teste para o novo premiê britânico, Gordon Brown, que na semana passada substituiu Tony Blair. Brown disse acreditar que os novo ataques foram feitos por terroristas ligados à Al Qaeda.
A nova ministra do Interior, Jacqui Smith, afirmou que o Reino Unido enfrenta uma “séria ameaça terrorista” e pediu que a população fique em alerta. “”Não vamos deixar este terrorismo nos intimidar”, disse ela à rede de TV Sky News. “Obviamente, precisamos acirrar as medidas de segurança, e precisamos que a população fique o mais vigilante possível”.
Em julho de 2005, o Reino Unido tornou-se o primeiro país da Europa Ocidental a ser alvo de ataques suicidas, após uma série de atentados contra a rede de transportes londrina, que matou 52 pessoas.
Com Reuters e “The Guardian”
FO