segunda-feira, 13/05/2024
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A minha Ana que se foi…

No dia 22 de outubro de 2014, fui vítima de um crime bárbaro que comoveu a cidade de Várzea Grande. Eu e minha esposa, saímos do trabalho e fomos a um supermercado fazer compras, e fomos vítimas da violência que assola a nossa tão amada cidade.



Minha esposa foi alvejada com um tiro no tórax, e a levei depressa ao pronto socorro, e após algumas horas consegui a transferência para um hospital particular em Cuiabá já que Várzea Grande depende tão somente do pronto socorro, uma cidade sem estrutura. Desde o pronto socorro veio a notícia que ela estava em estado grave e que estaria gestante. Fiquei surpreso com a possível gravidez e muito feliz ao mesmo tempo, pois a minha Ana estaria realizando um sonho, o de ser Mãe pela primeira vez.



No outro dia, tive a confirmação que realmente ela estaria gestante através de um exame de sangue realizado pela médica responsável, essa notícia encheu-nos de esperança, pois por mais que o estado dela fosse grave não acreditaríamos que Deus a deixaria partir sem antes deixar um fruto seu na terra. 



Infelizmente no terceiro dia no amanhecer de um novo recomeço, veio a confirmação que tínhamos perdido o nosso futuro filho (a), e na tarde do mesmo dia, recebi a pior ligação da minha vida. A médica pediu que toda a família fosse até o hospital, chegando lá nos informou que a minha Ana teria falecido.



A dor a qual senti não há como descrever, perdi ali a minha mulher, o meu futuro filho (a) e minha amiga, parceira, pessoa que me ensinou como viver uma vida plena de paz de amor e de perseverança. 



A minha Ana era guerreira, era amorosa, e nos deixou o exemplo do Amor ao próximo, lutou pra conseguir ter uma boa formação e conseguiu, mesmo em situações às vezes difíceis jamais deixou de dar atenção e se preocupar com seus familiares e amigos, muitas das vezes se preocupava mais com os outros do que com sigo mesmo, guerreira. Para se ter uma idéia, no dia do ocorrido, ela estava preocupada comigo me procurando querendo saber se eu estava bem, entrou em choque, por ver um dos bandidos me pegar como escudo. 

Cinco meses depois estive no Ministério Público do Estado para saber como andaria o processo contra o “Vigia do supermercado que estava fazendo “bico (ilegal)”, e também é um Guarda Municipal de nossa cidade” que assumiu o risco em atirar com reféns e acabou matando a minha esposa de forma tão despreparada e cruel. Segundo laudos da Politec o “Vigia-Guarda” deferiu o tiro a uma distância de 80 cm da minha Ana. Chegando ao Ministério Publico, fui encaminhado através da assessora da Promotora ao Fórum para vermos o processo, a mesma havia me mostrado no inicio de janeiro a denúncia contra o “vigia-guarda” informando que o mesmo foi denunciado por dolo-eventual (isso quando ele assume o risco), e que logo em seguida o processo que estava na quarta vara criminal seria encaminhado para a primeira vara e o réu iria ser levado ao Júri-Popular. Nossa família ficou muito feliz com a notícia pois só assim a Justiça seria feita, e não esquecida como tantos casos que vemos.

Acontece, que no dia 17 de abril pela manhã recebi uma mensagem dizendo que estavam “acobertando” esse despreparado será? Como pode? Fiquei muito triste com a mensagem, más não acreditei, pois eu não iria sofrer com algo que não tenho certeza, isso me fez ir até o Ministério Público e Fórum para checar. 



E decidir checar indo ao fórum com a assessora da promotora, onde não foi localizado a princípio o processo contra este criminoso, motivo que me deixou furioso e indignado ao mesmo tempo. O pessoal do fórum procurava e não achava, a assessora da promotoria informou que havia deixado lá a meses a cópia da denuncia do MP. Fui ficando nervoso, pois fui á uma vara e não foi localizado, em outra também não, no cartório distribuidor, também não, nenhum processo contra a tal pessoa, pensei – estão realmente acobertando este sujeito. 



Após mais de uma hora, encontraram a documentação, a qual ainda não se tornou processo, e ainda me pediram para me acalmar e não falar nada para ninguém a respeito disso, que houve falha mesmo que isso aconteceu de fato, aquela mesma historia querendo enrolar mais um. Acontece que na sexta-feira dia 24 de abril de 2015, fazem seis meses da morte da minha Ana, e nada foi feito, nem processo existe contra o criminoso.



Tiraram-me várias vezes do meu trabalho, para dar depoimentos, fazer reconhecimento do criminoso, fazer a chamada reprodução simulada, qual achei um absurdo me colocarem frente a frente com os bandidos e ainda me usarem como “ator” na mesma. 



Ai vem á pergunta que não quer calar. Para que tudo isso? Para nada? Para nos deixar mais tristes e decepcionados com o Poder Judiciário? É por isso que muitas famílias desistem, não vão até o fim, por causa desse descaso do Judiciário com a população, com a sociedade eu seria mais um caso banal. Somos vitimas até mesmo do sistema ai imposto. E será que realmente estão acobertando esse criminoso? Não há de se duvidar, pois o mesmo já possui passagem por homicídio e outros mais, e nada foi feito, foi arquivado o inquérito de outro crime que ele possivelmente iria responder. E pra piorar eu saindo de lá, já arrasado, uma pessoa que me atendeu me disse assim: – Senhor entendo sua dor, mas aconselho o senhor vir aqui toda semana e cobrar esse pessoal, e de preferência protocolar todas a suas vindas aqui, pois do jeito que anda, aliás não anda o processo da fatalidade com sua esposa, tenho certeza que o mesmo será arquivado. Nessa hora veio uma angustia imensa, uma dor misturada com revolta e decepção. Em que lugar vivemos o qual não existe Justiça, e os bandidos fazem o que querem. Fui até a Guarda Municipal para saber se o mesmo estaria trabalhando, e o Comandante me informou que sim estaria trabalhando normalmente, e que não se pode fazer nada em quanto a Justiça não determinar.



Penso que uma pessoa assim, não poderia estar a serviço de forma alguma e servindo a população, e ainda no mais armado. O mesmo já possui passagens por outros delitos, e valendo lembrar que ele acertou três pessoas no ocorrido do supermercado, mostrando despreparo total, e desrespeito com a vida humana. 



Mas a minha Ana não morreu em vão, e isso não vai ficar assim, vou aonde for preciso para que a mais lidime Justiça seja feita. Ela não merece esse desrespeito, a sua morte não ficara esquecida, como muitas que estão não será arquivado esse processo, pois eu acredito na Justiça e vou até o fim para que ela seja cumprida. Ela não será mais um caso esquecido pelo poder Judiciário, desse crime essa pessoa despreparada não ficara impune.



Uma vez a minha Ana me disse: – amor quando queremos algo não podemos desistir por causa de qualquer pedra ou dificuldade que encontramos em nosso caminho temos que lutar até o fim pelo que queremos. De suas palavras minha Ana, faço as minhas, não vou desistir por nada. 



A justiça do homem é falha, mas a de Deus jamais falha, eu creio. 



São seis meses sem você, são seis meses de impunidade, até quando?



Acorda Várzea Grande, vamos agir.



Diego Souza (Bacharel em Direito, Consultor de Vendas – Licitação)
 

http://jcorreio.com.br/site/noticia/496/a-minha-ana-que-se-foi

 

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Parmenas Alt
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A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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