A busca pelo anticoncepcional masculino avançou mais uma fase nos EUA

Os esforços para chegar a um anticoncepcional masculino definitivo estão avançando, mesmo que aos poucos. É isso que indicam os resultados de testes realizados por pesquisadores do Los Angeles Biomedical Institute, uma organização de pesquisa biomédica sem fins lucrativos fundada em 1952, e da Universidade de Washington.

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Mais um avanço foi dado pela comunidade científica na busca por um anticoncepcional masculino eficiente

Segundo Christina Wang, reitora associada do Instituto de Ciência Clínica e Translacional na Faculdade de Medicina David Geffen, da UCLA, o anticoncepcional masculino 11-beta-MNTDC combina os efeitos relacionados ao sistema reprodutivo masculino da testosterona com os efeitos da progesterona, hormônio que age, principalmente, sobre o sistema reprodutivo feminino.

Em declaração à Endocrine Society, organização mundial dedicada a estudos sobre distúrbios hormonais, Wang afirma que os resultados “sugerem que esta pílula anticoncepcional para homens , que combina duas atividades hormonais em uma, pode reduzir a produção de esperma, sem afetar a libido”.

De 40 cobaias, 10 homens foram medicados com um placebo – uma pílula falsa -, enquanto os outros 30 foram divididos em dois grupos. O primeiro, de 14 cobaias, recebeu doses de 200 mg da droga. Já o segundo, constituído por 16 indivíduos, foi medicado com doses de 400 mg do método contraceptivo .

Os três grupos ingeriam uma pílula por dia junto com alguma de suas refeições por um período de 28 dias. Segundo a Endocrine Society, Wang reconhece que o período é muito curto para atestar o efeito completo da droga sobre a produção de esperma – para isso, seria preciso acompanhar as cobaias entre 60 e 90 dias.

O anticoncepcional masculino: será que vai rolar?

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O anticoncepcional masculino é uma forma de “congelar” a produção de esperma, sem prejudicar a saúde do homem

Mesmo assim, o anticoncepcional ajudou a diminuir os níveis de testosterona a patamares semelhantes àqueles apresentados por pessoas com deficiência andrógena – que ocorre quando os níveis do hormônio masculino estão abaixo do grau considerado saudável.

Além destes resultados, considerados positivos pelos pesquisadores, não foram relatados efeitos colaterais muito sérios. Segundo Wang, problemas como acne, fadiga e dores de cabeça moderados afetaram apenas de quatro a seis homens. E, dos 30 cobaias, apenas cinco relataram uma redução na libido, e dois disseram ter notado disfunção erétil.

Stephanie Page, professora de Metabolismo, Endocrinologia e Nutrição e Medicina da Universidade de Washington, e co-autora do estudo, afirma que alterações advindas da redução dos níveis de testosterona foram mínimas.

Isso porque o “11-beta-MNTDC imita este hormônio por todo o organismo, mas não apresenta concentração suficiente nos testículos para estimular a produção de esperma”.

Depois de encerrado o tratamento, todas as cobaias conseguiram reverter os efeitos apresentados durante os testes, segundo Wang.

Mas, apesar dos resultados animadores, há a possibilidade de que o 11-beta-MNTDC seja substituído, assim como ele serviu de substituto para o DMAU, primeira possível pílula anticoncepcional para homens analisada pela equipe.

Afinal, como lembra Stephanie Page, o objetivo dos pesquisadores atualmente é encontrar o composto químico mais eficiente e com o menor número de efeitos colaterais sobre o organismo.

“Estamos desenvolvendo outras duas medicações orais em paralelo, como forma de proporcionar avanços no campo [da medicina contraceptiva]”, afirma a pesquisadora.

Por outro lado, Christina Wang se mostra otimista com o futuro das buscas por um  anticoncepcional masculino . “Métodos hormonais seguros e reversíveis para homens devem ser disponibilizados em aproximadamente 10 anos”, avalia. Parece que, por enquanto, só resta aguardar.