domingo, 12/05/2024
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Bush diz que estatismo de Chávez empobrece América Latina

Brasil e Estados Unidos devem trabalhar juntos para disseminar a tecnologia de etanol na América Latina e reduzir a dependência de petróleo na região. Essa é a mensagem que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, trará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando chegar ao Brasil. “Reduzir a dependência do petróleo vai aumentar a segurança econômica da região – e nós queremos que nossos amigos e vizinhos sejam prósperos”, disse Bush em entrevista ao Estado e a outros quatro veículos de comunicação de países incluídos no giro latino-americano que inicia nesta quinta-feira, 8.

No encontro com os jornalistas, na Casa Branca, o presidente americano aparentou confiança ao falar da viagem, mas deixou entrever que não há só “amigos” na região. Criticou o modelo “bolivariano” do presidente venezuelano, Hugo Chávez, dizendo que leva à pobreza, e fez pouco dos ares de mudança em Cuba. “Acredito firmemente que empresas estatais são ineficientes e vão causar mais pobreza; se o Estado tenta conduzir a economia, ele acaba trazendo mais miséria e reduzindo as oportunidades”, disse, numa referência à Venezuela. “Transição não significa mudar de uma figura para outra, mas sim transição de um tipo de governo para um tipo diferente de governo”, afirmou, ao falar da substituição de Fidel Castro por seu irmão, Raul.

Em outros momentos, Bush mostrou franqueza incomum em presidentes. “As pessoas não deveriam dar como certo que os Estados Unidos querem fechar acordos de livre-comércio. Na realidade, há um forte protecionismo nos EUA”, admitiu, quando questionado sobre as chances de assinar acordo bilateral de comércio na passagem pelo Uruguai. Nessa área, as declarações do presidente americano foram uma ducha de água fria nos uruguaios – e, na mesma medida, uma boa notícia para o presidente Lula, que tem se esforçado para manter o vizinho no Mercosul.

O titular da Casa Branca também não escondeu o estranhamento que sentiu no primeiro contato com o presidente Lula, no Salão Oval. “Não sabia o que esperar quando ele veio”, afirmou, observando que a reputação do ex-sindicalista o havia precedido. Atualmente, Bush vê em Lula um aliado – inclusive para conter a expansão da influência chavista e fazer avançar a Rodada Doha. Uma vez que o Congresso americano está dificultando a aprovação dos acordos bilaterais de comércio, como os negociados com Panamá, Colômbia e Peru, Bush aposta alto na Rodada Doha. Um avanço na negociação multilateral para discutir o comércio mundial pode inclusive ajudar o presidente a arrancar do Congresso a renovação do chamado “fast track” – mecanismo que permite ao Executivo negociar acordos comerciais sem emendas dos congressistas. “Minhas discussões com o presidente Lula sobre a Rodada Doha serão muito importantes. Uma rodada Doha bem-sucedida será o programa de redução de pobreza mais eficiente do mundo.”

A seguir, os principais trechos da entrevista com o presidente americano, na qual o Estado esteve acompanhado de Daniel Rodriguez, do El País (Uruguai), Carlos Galan, do El Tiempo (Colômbia), José Díaz-Briseño, do La Reforma (México) e Edward Smith, do Prensa Libre (Guatemala):

Existe uma percepção de que um dos objetivos de sua viagem à América Latina é estreitar relações com os países considerados amigos dos Estados Unidos. O que o sr. acha da disseminação do chamado modelo alternativo de desenvolvimento, proposto pelo presidente Hugo Chávez, da Venezuela, que prega a nacionalização de empresas e maior interferência do governo na economia? Nesse contexto, qual seria o papel do Brasil na região?

Eu acredito firmemente que empresas estatais são ineficientes e vão levar a mais pobreza. Eu acredito que, se o Estado tenta conduzir a economia, ele acaba trazendo mais miséria e reduzindo as oportunidades. Portanto, os Estados Unidos levam à região uma mensagem de livre mercado e governo aberto.

O objetivo da minha viagem é relembrar ao povo da América Central e da América do Sul que os EUA estão comprometidos com o fortalecimento dos indivíduos, para que eles possam desenvolver o potencial que lhes é dado por Deus. Gostaria de citar algumas estatísticas. Desde que assumi a Presidência, a assistência bilateral para a região dobrou, de US$ 800 milhões para US$ 1,6 bilhão. Eu digo isso porque é muito importante relembrar à minha população sobre a importância de continuar a ser generoso em nossa vizinhança.

Se você está interessado em paz, você precisa estar interessado em prosperidade e esperança. Nossa presença na região às vezes é muito silenciosa, mas é muito efetiva. E a principal meta da viagem é dizer às pessoas que nós levamos a região e seus problemas muito a sério e temos um bom histórico nisso. Vamos deixar que outros façam a propaganda sobre o que acreditam ser a melhor maneira de agir. Vamos deixar que outros venham e expliquem que seu ponto de vista faz sentido. Tudo o que eu posso dizer é que o sistema de governo e de economia que os EUA promovem é justo. Agora, eu reconheço que, até as pessoas sentirem a melhora em seu bolso, haverá frustração com as formas de governo. Mas isso não significa que se deva reverter para um modelo que não funciona.

No Uruguai, Chávez vem mantendo uma política de investimentos e assistência financeira. Ele também está indo para a Argentina no mesmo dia em que o sr. estará no Uruguai, para promover protestos em Buenos Aires. O que o sr. acha disso?

Eu vou para muitos lugares onde há protestos. E minha reação é: eu amo a liberdade e o direito de as pessoas se expressarem. Eu trago uma mensagem de boa vontade para o Uruguai e a região, uma mensagem de: “Vamos achar pontos comuns para trabalharmos juntos”. Vocês precisam entender que, num país com tendências isolacionistas como o nosso, onde as pessoas às vezes dizem “isso não é problema meu”, um presidente precisa ficar lembrando a todo momento que a pobreza na vizinhança é problema nosso. Então esta viagem me dá a oportunidade de apontar os sucessos e os desafios na região, de maneira que o povo americano continue engajado.

Qual é o papel que países da América Latina , como o Brasil, devem ter na transição democrática em Cuba?

Espero que nós juntos possamos insistir que transição não significa mudar de uma figura para outra, mas, sim, transição de um tipo de governo para um tipo diferente de governo. Essa certamente será a posição dos EUA. Nós acreditamos que o povo cubano deve decidir sobre o seu futuro.

Achamos que o povo sofrido da ilha deve decidir seu destino, que seu destino não deve ser decidido porque alguém é irmão de alguém. Vamos ver quando, quanto tempo ele permanece na Terra, essa é uma decisão que será feita por Deus Todo-Poderoso. Mas, quando isso acontecer – vocês sabem, Fidel Castro pode viver, não sei quanto tempo ele vai viver -, mesmo assim acho que o sistema de governo que ele impôs ao povo não deve sobreviver, se for isso que o povo decidir.

OE

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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