quinta-feira, 16/05/2024
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José Carlos Marques: Os Sabotadores

A qualquer cidad&atildeo parece elementar o controle de gastos como forma de fazer caber seus compromissos no or&ccedilamento m&ecircs a m&ecircs. Isso vale para as despesas dom&eacutesticas. Isso vale para as despesas de um Pa&iacutes. Mas existe uma casta especial de pol&iacuteticos que n&atildeo pensa assim. Muitos deles se habituaram nos &uacuteltimos tempos a locupletar-se do poder. Praticaram o populismo barato enquanto desviavam gordas somas aos cofres do partido e ao pr&oacuteprio bolso. Inventaram o que foi batizado de contabilidade criativa e quebraram a economia. Deram ao dinheiro p&uacuteblico ares de recurso infinito como se bastasse girar a maquininha para ele aparecer. Passaram a viver no mundo da fantasia, bancando farras estatais, distribuindo concess&otildees, desembolsando sem planejamento. Queriam liberdade para usar a verba do Estado ao bel-prazer. De acordo com as conveni&ecircncias e interesses. E para tanto o or&ccedilamento n&atildeo poderia viver no cabresto. A presidente deposta, Dilma Rousseff, pregava que o gasto p&uacuteblico n&atildeo devia ter limites. Abusou da cren&ccedila e foi ao extremo da irresponsabilidade praticando as criminosas pedaladas fiscais que levaram ao seu impeachment. Nem precisa relembrar o desastre decorrente de tamanha insensatez. Doze milh&otildees de desempregados, recess&atildeo aguda e infla&ccedil&atildeo fora de controle falam por si. No per&iacuteodo em que o PT manteve-se no poder a despesa federal aumentou ao ritmo de 6,2% ao ano acima da infla&ccedil&atildeo e deu no que deu. Todos est&atildeo pagando o pato. Nem as constantes remarca&ccedil&otildees de impostos, mordendo cada vez mais o contribuinte, resolveram. Para conter a escalada e a voracidade dessa pr&aacutetica &eacute que o presidente Michel Temer enviou ao Congresso a chamada PEC 241, que estabelece um teto &agraves despesas da Uni&atildeo. E faz isso de maneira elementar: fixa uma esp&eacutecie de congelamento dos gastos p&uacuteblicos, a serem corrigidos apenas pela infla&ccedil&atildeo de um ano ao outro. O regime deve valer pelas pr&oacuteximas duas d&eacutecadas. Quem poderia se opor a tal disciplina?

Naturalmente, como era de se esperar, arrivistas da pior esp&eacutecie, sabugos do poder que lograram &ecircxito em quebrar o Pa&iacutes, &oacuterf&atildeos das mamatas e distintos participantes de alian&ccedilas fisiol&oacutegicas logo se posicionaram contra. Teve ainda um bloco corporativista da pesada no time de sabotadores da PEC. Integrantes de movimentos sociais, pol&iacuteticos de oposi&ccedil&atildeo e institui&ccedil&otildees que n&atildeo querem perder seus privil&eacutegios partiram ao ataque. V&aacuterios estavam dispostos a sabotar qualquer medida de rearruma&ccedil&atildeo do estrago deixado l&aacute atr&aacutes. Petistas que historicamente foram contra a assembleia constituinte, contra o plano real, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e contra qualquer avan&ccedilo de interesse nacional lideraram o movimento. N&atildeo por quest&otildees ideol&oacutegicas. Pelo simples prazer de ver o circo pegar fogo. Junto com o PC do B, a agremia&ccedil&atildeo de Lula &amp Cia. foi ao Supremo para tentar suspender a tramita&ccedil&atildeo da proposta. Em v&atildeo. O ministro Luis Roberto Barroso rejeitou de maneira perempt&oacuteria as alega&ccedil&otildees do recurso. Disse que responsabilidade fiscal &eacute fundamento das economias saud&aacuteveis e concluiu apontando que n&atildeo h&aacute qualquer viola&ccedil&atildeo &agrave separa&ccedil&atildeo de poderes, como pregavam os autores da a&ccedil&atildeo. Em movimento paralelo, a Procuradoria-Geral da Rep&uacuteblica havia sustentado justamente essa tese para alegar a inconstitucionalidade da PEC. Coube a outro ministro do Supremo, Gilmar Mendes, recha&ccedilar a hip&oacutetese. Ele disse n&atildeo saber qualificar o absurdo dessa divaga&ccedil&atildeo do Minist&eacuterio P&uacuteblico. O Governo ainda respondeu energicamente, afirmando que a mat&eacuteria n&atildeo traz tratamento discriminat&oacuterio e n&atildeo ofende a autonomia dos poderes. O debate alcan&ccedilou o est&aacutegio de del&iacuterio quando petistas passaram a vender ent&atildeo a falsa alega&ccedil&atildeo de que a PEC traria corte nos investimentos em educa&ccedil&atildeo e sa&uacutede. O novo regime, ao contr&aacuterio, protege e garante um piso m&iacutenimo para desembolsos nessas &aacutereas. No Congresso o vale-tudo mostrou at&eacute onde essa turma &eacute capaz de ir para atingir seu intento. Al&eacutem de PT e PC do B, deputados do PSOL e Rede buscaram obstruir a pauta na plen&aacuteria da C&acircmara no dia da vota&ccedil&atildeo da PEC. N&atildeo conseguiram. A for&ccedila aliada do Governo aplicou uma surra com 366 votos a favor da medida e imp&ocircs uma nova rela&ccedil&atildeo de poder &ndash sem toma l&aacute da c&aacute, sustentada no programa Ponte para o Futuro. Novos cap&iacutetulos de vota&ccedil&atildeo est&atildeo previstos e planos de resist&ecircncia s&atildeo armados. A senadora Gleisi Hoffmann, que virou r&eacute em processo, quer atrasar mais uma vez a edi&ccedil&atildeo do teto de gastos exigindo que ele passe por uma comiss&atildeo presidida por ela. A pergunta que fica &eacute por que esses parlamentares, em nome do dever c&iacutevico, n&atildeo caem em si sobre a urg&ecircncia necess&aacuteria ao projeto. N&atildeo existem alternativas fora do teto aos gastos p&uacuteblicos depois da farra desmedida. O caixa quebrou e est&aacute na hora de perceberem isso, pelo bem geral da Na&ccedil&atildeo.

Foto: Givaldo Barbosa/Ag. O Globo

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Parmenas Alt
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