quarta-feira, 15/05/2024
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Medidas de baixo custo poderiam salvar 800 mil bebês na África

Mais de um milhão de crianças morrem antes de completar um mês de vida na África a cada ano, mas 800 mil delas poderiam ser salvas através de intervenções de baixo custo, revela um novo relatório apresentado hoje na África do Sul.

Do 1,16 milhão de mortes de crianças no primeiro mês de vida na África, meio milhão ocorre logo após o nascimento e 3,3 milhões antes dos cinco anos, diz o documento.

O estudo, chamado “Oportunidades para os recém-nascidos na África”, apresenta a análise de uma equipe de 60 autores e nove organizações internacionais que formam a Aliança Mundial para a Saúde da Mãe, do Recém-Nascido e da Criança (PMNCH, na sigla em inglês).

Colaboram com a iniciativa vários representantes de países doadores, agências não-governamentais, fundações e organizações multilaterais assim como a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mas o estudo, segundo Joy Lawn, co-editora e especialista da PMNCH, “não foi pensado como um relatório, mas como um manual para levar à ação”.

Os autores advertem que dois terços dos recém-nascidos que morrem todos os anos poderiam ser salvos através de programas já existentes, mas que não estão em prática.

Por exemplo, no continente africano, são registradas 30 milhões de gestações, mas apenas dois terços das grávidas vão a centros pré-natais. Apenas 10% delas recebem tratamentos preventivos contra a malária e só 1% das mães soropositivas têm tratamento recomendado para prevenir a transmissão do vírus a seus filhos.

“Pensamos em soluções de alta tecnologia, mas na África, 87% dos recém-nascidos morrem por três causas principais: infecções, inclusive tétano, complicações pré-natais e situações que poderiam ser tratadas com os cuidados básicos”, disse Lawn.

Imunizar as mulheres contra o tétano, ter um assistente qualificado para fazer o parto, tratar as infecções dos recém-nascidos rapidamente, educar a mãe sobre higiene, como aquecer a criança e amamentá-la, são algumas das soluções propostas.

Muitas das mortes prematuras poderiam ter sido evitadas se o bebê tivesse sido aquecido, apertando-o contra o peito da mãe, pele com pele, ou se tivesse sido enrolado com cobertores em um lugar quente.

Esta técnica é conhecida como cuidado maternal “canguru”, e consiste na mãe usar seu calor corporal para aquecer bebês pequenos prematuros que sofrem de baixa temperatura corporal.

A falta de entendimento sobre as necessidades do bebê faz com que algumas mães lhes dêem banhos frios, explica o relatório.

Salvar estas vidas custaria anualmente US$ 1,39 per capita, o que significaria um total de US$ 1 bilhão por ano para toda a região. Assim, 90% das mulheres e dos bebês da África Subsaariana receberiam os cuidados essenciais e o atual dado de 250 mil mulheres que morrem por causas relacionadas à gravidez seria reduzido.

Das mortes de recém-nascidos, metade ocorre em cinco países: Nigéria, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, Tanzânia e Uganda.

“A Nigéria não está fazendo progressos e os números são muito altos. Do total de mortes, 50% estão concentradas nos cinco primeiros países, mas só na Nigéria morrem 255 mil crianças a cada ano”, afirma o documento.

Muitas destas crianças morrem em casa e se isso acontecer até a sexta semana, não são registradas nas estatísticas oficiais.

“Devemos contar os recém-nascidos e fazer com que contem as mortes também, em vez de vê-las como inevitáveis”, declarou Francisco Songane, ex-ministro da Saúde de Moçambique e colaborador do PMNCH.

Apesar dos números desalentadores, seis países de baixa renda fizeram progressos significativos na redução do número de mortes entre os recém-nascidos, como Burkina Fasso, Eritréia, Madagascar, Malauí, Uganda e Tanzânia.

“O progresso destes seis Estados africanos demonstra que até os países mais pobres podem cuidar de seus recém-nascidos”, acrescentou o ex-ministro moçambicano.

US

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Parmenas Alt
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