quinta-feira, 16/05/2024
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Playboy, Sexy, W e as revistas que desmistificaram a nudez no Brasil e no mundo

“A gente vê a nudez no comercial de cerveja, mas na hora de fazer uma postagem com uma foto de seio falo do câncer de mama, o peito da mulher não pode aparecer”. É por meio desse raciocínio que a publicitária Caroline Cardoso enxerga o modo com o qual a nudez é percebida pela sociedade brasileira. Mas na contramão dessa opinião, há a de dois gres nomes da área editoral no que diz respeito a entretenimento masculino que veem o nu de outra forma. Para Fel Mendes, ex-editor chefe da Sexy e Tabata Pitol, atual editora-chefe da Playboy , a tecnologia impulsionou a destabulização da nudez e, ainda que disponibilize esse tipo de conteúdo a rodo, só tornou mais fácil a distinção entre um conteúdo pornográfico e um conteúdo erótico, que atraem públicos com interesses diferentes. 

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Por mais que todos tenham nascido sem uma pecinha de roupa sequer, depois de gre, mostrar o corpo acabou viro uma coisa não tão natural assim aos olhos das pessoas – principalmente quo se trata da mulher. No entanto, a mídia tem poder e, no que diz respeito ao mercado editorial, vários produtos desse meio conseguiram popularizar suficientemente a nudez para que ela fosse contemplada e admirada, ao invés de atacada e vista como algo de outro mundo.

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Marilyn Monroe na capa da revista playboy em 1953
Reprodução

Marilyn Monroe na capa da revista playboy em 1953

Em 1953, ano de veiculação da primeira edição da Playboy , periódico masculino, a nudez feminina foi inaugurada entre as páginas da revista e um marco foi realizado. Ali, começava uma era inspiradora e que influencia até hoje quo a questão é o nu nas revistas. Depois da primeira capa com a atriz e ícone de sensualidade Marilyn Monroe , a ideia de ter um produto editorial com um conteúdo que trouxesse o nu, se espalhou pelo mundo e inspirou outras revistas a explorarem a exibição de corpos não só no entretenimento adulto, mas também na moda e na música. Entre elas, a Lui , criada em 1963, foi fortemente inspirada no periódico precursor e se destacou na França por dar uma pitada do toque europeu no que diz respeito ao nu. Em seu início, tinha publicações mais explícitas chegou até a estampar pelos pubianos na capa, mas atualmente, a linha da revista parece estar mais para o lado que une o fashion com a nudez , despindo com classe e estilo belíssimas modelos, inclusive ícones da moda como Gisele Bündchen, Isabeli Fontana e Jourdan Dunn.

Porém, não é só a Lui que retratou o nu depois da Playboy no meio editorial. Além dessa revista, existem outras como a V e a W que tem um olhar único sobre a nudez. No caso da V , a criação é mais recente. A revista americana é de 1999 e além de mesclar a nudez com a moda, o que já é feito pela Lui , ainda mistura a cultura pop e o lifestyle americano com as personalidades desnudas que aparecem em suas páginas. As cantoras Miley Cyrus e Lady Gaga já posaram para a V e exaltaram o conceito alternativo e nitidamente voltado para um viés diferenciado na abordagem do nu da revista. 

Lady Gaga pela revista V, Kim Kardashian pela W e uma modelo pela Lui
Divulgação/Reprodução/Reprodução

Lady Gaga pela revista V, Kim Kardashian pela W e uma modelo pela Lui

No caso da revista W , produzida nos EUA em 1971, as publicações exploram o nu de uma forma problematizante, mas não deixam de lado a elegância que faz com que as modelos sejam registradas das formas mais clássicas (e fashion) possíveis. Entre as beldades que já posaram para a revista, estão Kate Moss e Kim Kardashian. 

Playboy, Sexy e a nudez nas revistas brasileiras 

Falar de nudez nas revistas brasileiras é falar de duas de maior destaque por terem como carro-chefe o entretenimento adulto, ainda que o explorem de forma bem particular. A Playboy brasileira e a Sexy , presentes no mercado editorial nacional há mais de 20 anos, são dois periódicos masculinos com nomes de peso que viveram uma questão parecida durante a vida ativa de circulação: saber como tratar a nudez e qual viés dar para ela nas revistas.

Jéssica Amaral, à esquerda, pela Sexy e à direita,Jéssica Lopes, pela Playboy
Marcio Del Nero/Emanuelle Jeane Appendino

Jéssica Amaral, à esquerda, pela Sexy e à direita,Jéssica Lopes, pela Playboy

 

Tabata Pitol, diretora de redação da Playboy  do Brasil, revelou que a missão das páginas que têm o coelhinho engravatado é exaltar a mulherada com muito glamour. “O segredo é tratar a nudez de uma forma bonita, artística”, disse a jornalista, que ainda adicionou mais uma característica particular ao periódico e exaltou outro diferencial. “Pra estar na capa da Playboy , o pré-requisito sempre foi ser uma estrela. Não quero citar concorrentes, mas tem revista que não traz celebridade na capa e a gente traz”, terminou.

No entanto, ainda que a Playboy   do Brasil seja um fruto da pioneira no segmento, Sexy tem raízes aqui no país tropical e, apesar de também tratar de entretenimento adulto, difere um pouco na abordagem do nu na revista . De acordo com Fel Mendes, que foi por sete anos editor-chefe da revista, a principal característica da nudez da Sexy em relação a da Playboy era apenas uma: a ousadia. “Cada uma tá num lugar: a Playboy é mais artística e a Sexy mais ousada”, revelou.

Ainda falo das duas mais fortes publicações do mercado quo o assunto é revista masculina, Fel ainda disse um pouco mais sobre o tipo de abordagem da Sexy no que diz respeito as fotografias de garotas nuas, além de contar sobre uma vantagem em ser a segunda mais forte no segmento. “Tentávamos ousar um pouco mais, mas colocar a nudez de uma forma natural. Ser a segunda do mercado tem disso, né… A segunda pode ousar mais, a primeira não”, afirmou o ex-editor, que finalizou atesto que, enquanto esteve na Sexy , ainda que não tenha escondido o fato de que a revista que coordenava teve influência da Playboy , chegou até a rolar um climinha de competição entre as duas marcas. “Existia uma influência não só na nudez, mas no próprio formato. De 2009 até 2012 eram revistas que se pareciam bastante… A gente até disputava as capas”, contou.

Tricia Helfer já posou para a revista Playboy
Divulgação

Tricia Helfer já posou para a revista Playboy

Mas e o tabu da nudez?

Apesar das revistas, da publicidade e da internet, ainda dá para questionar qual é o lugar da nudez na mídia e o que ela representa. Para Fel Mendes, ex-editor da Sexy , o ganho de espaço do nu foi algo involuntário e natural impulsionado pela virtualização dos meios de comunicação e que, obviamente, influenciou na forma com a qual o público recebe e consome revistas de conteúdo erótico. “A própria nudez foi ganho um lugar mais comum… Um exemplo disso é o fato de hoje todo mundo fazer nude. Acho que o fato das próprias pessoas se fotografarem com o celular ajudou a diminuir um pouco esse estigma sobre a nudez”, disse. E ainda no contexto tecnológico da questão, Tabata, diretora de redação da Playboy , ressaltou que não importa que a tecnologia ofereça esse fácil acesso a todo tipo de conteúdo, inclusive a nudez que, por muitos, pode ser confundida com algo que carregue um teor pornográfico. “Hoje, o segredo das revistas para trazer o nu enquanto tem isso na internet a torto e a direito é produzir conteúdo de bom gosto com pessoas interessantes. A pessoa que tá procuro mulher pelada na internet não é a mesma que quer ver o trabalho da Playboy , que tem produção, uma ideia por trás e um cuidado especial”, relatou.

Porém, na contramão da visão positiva dos dois profissionais de comunicação, a publicitária Caroline Cardoso, que se formou há pouco tempo no curso de Publicidade e Propaga, considera que os passos da sociedade em direção ao olhar natural para a nudez estão bem lentos. Outra coisa bem evidente para a ex-universitária é o fato da principal personagem em todo esse meio artístico e midiático muitas vezes (ou quase sempre) não conseguir opinar: a mulher. “Acredito que a nudez na publicidade também têm um pouco a ver com as poucas mulheres que estão dentro das áreas de design e criação”, disse.

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Cris Martins, ganhadora do reality
Nelson Mira/Divulgação

Cris Martins, ganhadora do reality "Casa das Pimentinhas" da revista Sexy e capa da publicação no mês de abril

No entanto, ainda que exista divisão entre as opiniões positivas e negativas em relação à  nudez , é difícil tampar os olhos para a proporção que o nu tomou e com a qual se coloca em pauta hoje em dia – além do fato de que isso só começou por conta do meio editorial, que mesmo com todos meios de informação e comunicação alternativos, continua firme nesse tipo de produção de conteúdo e parece que não vai desistir tão cedo de inserir nele um diferencial.

 
 

Fonte: Gente – iG @ http://gente.ig.com.br/cultura/2017-04-20/nudez-nas-revistas.html

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Parmenas Alt
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