A pobreza no Brasil afeta diretamente os cidadãos mais jovens do País. Afinal, segundo um estudo inédito apresentado nesta terça-feira (14) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infãncia (Unicef), seis em cada dez crianças no Brasil vivem na pobreza, ou seja 60% das pessoas que têm até 17 anos de idade.
O levantamento foi feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015. Segundo esse estudo, 18 milhões de crianças no Brasil , ou seja, 34,3% do total, são afetados pela pobreza monetária, vivem com menos de R$ 346 per capita por mês na zona urbana e R$ 269 na zona rural.
Ainda segundo o Pnad, 6 milhões dessa parcela – ou seja, o equivalente a 11,2% – têm privação apenas de renda. A Unicef considera pobre, em sua pesquisa, aqueles que estão privados de um ou mais direitos, como educação, informação, água, saneamento, moradia e proteção contra o trabalho infantil.
“Para entender a pobreza, é preciso ir além da renda e analisar se meninas e meninos têm seus direitos fundamentais garantidos”, diz a representante do Unicef no Brasil , Florence Bauer, no estudo. “Incluir a privação de direitos como uma das faces da pobreza não é comum nas análises tradicionais sobre o tema, mas é essencial para dar destaque a problemas graves que afetam meninas e meninos e colocam em risco seu bem-estar”, afirma.
De acordo com os resultados da pesquisa, dos 61% de crianças e adolescentes brasileiros que vivem na pobreza, 49,7% têm um ou mais direitos negados. Vale ressalta que muitas dessas meninas e desses meninos estão expostos a mais de uma privação simultaneamente.
Em média, por exemplo, a Unicef calcula que elas tiveram 1,7 privação. Isso porque há 14,7 milhões de meninas e meninos com apenas uma, 7,3 milhões com duas e 4,5 milhões com três ou mais privações.
Privações das crianças no Brasil
O Unicef classifica as privações como intermediárias, quando há acesso, mas limitado ou com má qualidade a cada um dos direitos; e extrema, quando não há nenhum acesso ao direito.
Segundo os cálculos, a falta de saneamento básico é a privação que mais afeta crianças e adolescentes no Brasil, atingindo 13,3 milhões de pessoas. Além disso, 8,8 milhões são privados do acesso à educação; 7,6 milhões, do acesso à água; 6,8 milhões, do acesso à informação; 5,9 milhões, à moradia; e 2,5 milhões, à proteção contra o trabalho infantil.
Em comparação com 2005, os dados de 2015 mostram que a pobreza monetária na infância e na adolescência foi reduzida no País, na última década. Porém, as múltiplas privações a que as crianças no Brasil estão submetidas “não diminuíram em igual proporção”, diz o levantamento.
* Com informações da Agência Brasil.