Ao que parece o vereador de primeiro mandato Antônio Fernandes acertou mesmo os ponteiros com o prefeito Wilson Santos. Ambos pertencem ao ninho tucano, mas batiam de frente quando o assunto eram as mensagens do Executivo enviadas para apreciação na Câmara de Cuiabá.
Após entrar em recesso reclamando que não conseguia agendar audiência com Wilson, fontes ligadas ao Palácio Alencastro asseguram que Fernandes teve uma longa reunião, com o chefe do Executivo. Há quem diga que os dois não trocavam uma palavra há mais de 80 dias.
Apesar de demonstrar momentos de instabilidade no plenário da Câmara durante as sessões de 2009, com críticas contundentes ao gerenciamento da Empresa de Saneamento da Capital (Sanecap), Fernandes é uma peça importante para Wilson no parlamento. Primeiro, porque não é interessante para o pretenso candidato ao governo do Estado ter dissidentes internos e passar por mais desgastes em plenário.
Em segundo lugar, Fernandes representa uma boa alternativa de candidatura à Assembleia Legislativa após a desistência do líder do prefeito na Casa, Paulo Borges, em concorrer ao pleito.
Dos quatro vereadores que compõem atualmente a bancada do PSDB, Fernandes só perde em número de votos para o próprio Paulo Borges.
Chegou à frente, inclusive, da vereadora de quarto mandato Lueci Ramos, que, apesar da pretensa disposição em disputar uma cadeira no parlamento estadual, acumula desgastes por ter se aliado e defendido de forma intransigente o vereador cassado Lutero Ponce (PMDB).
Afilhada política do conselheiro do TCE, conselheiro Humberto Bosaipo, Lueci possui raízes no DEM, mas migrou para o PSDB por falta de uma chapa considerada competitiva entre os democratas. Ela acabou eleita por média com a ajuda do vereador licenciado Edivá Alves, secretário de Trânsito e Transportes de Cuiabá, de Borges e do próprio Fernandes.
Primeiro suplente do PSDB, Roosivelt Coelho não vem demonstrando expressividade ao ocupar a cadeira de Edivá.
Apesar da boa avaliação no primeiro ano de mandato, correligionários apontam que o principal empecilho à candidatura e ao crescimento de Fernandes internamente é o comportamento dúbio. No ápice das críticas da oposição à Sanecap, Fernandes subiu à tribuna para mostrar cartão amarelo a então presidente da Sanecap, Eliana Rondon, o que causou profunda irritação no prefeito.
O vereador, por sua vez, vem justificando o comportamento com a alegação de que possui uma atuação parlamentar mais independente. A considerar a longa reunião desta quarta no Palácio Alencastro, o posicionamento deve ser revisto este ano.
Dos 3.673 votos obtidos por Fernandes, pelo menos 1,2 mil são de eleitores do bairro Alvorada. Ele também conta com boa base eleitoral nas regiões do Novo Paraíso e Jardim Florianópolis. O parlamentar é ministro da Igreja Católico, mas venceu a eleição com a ajuda de segmentos evangélicos da Capital.
