Especialista reforça estratégia de imunização a partir de 9 anos, para barrar transmissão do papilomavírus
O HPV, ou papilomavírus humano, é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum em todo o mundo e a principal causa de câncer de colo de útero ou cervical, como também é denominado. Existem mais de 200 tipos de vírus HPV, dos quais pelo menos 14 são considerados oncogênicos.
No entanto, um imunizante lançado recentemente aumentou a proteção contra essas infecções causadoras de lesões pré-cancerosas. O produto, chamado comercialmente Gardasil 9, está disponível apenas na rede privada e foi ampliado de quatro para nove genótipos contra o HPV — 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58.
“Com essa composição, a nova vacina nonavalente confere proteção contra 90% da incidência de câncer de colo de útero e 85% dos casos de câncer vaginal, além de verrugas genitais, papilomas de laringe e tumores em regiões como vulva, vagina, pênis, ânus, boca e garganta”, explica a infectologista e consultora do serviço de imunização do Sabin Diagnóstico e Saúde, Ana Rosa dos Santos.
A vacinação é recomendada para homens e meninos, bem como mulheres e meninas, de 9 a 45 anos, uma vez que ambos podem transmitir por qualquer tipo de contato sexual, seja ele vaginal, anal ou oral. “Esse vírus não se acomoda apenas na vagina e no pênis, também pode se alojar em outras partes genitais, como vulva, períneo e região pubiana. Por isso, o uso do preservativo não anula o risco de contágio”, explica a infectologista.
Entre os principais sintomas da infecção está o aparecimento de verruga nas regiões anal ou genital, que pode ser única ou várias, e de diversos tamanhos. No entanto, é bastante comum que muitas pessoas com HPV não apresentem nenhum sintoma, e, sem saber, acabam por infectar outros indivíduos pelo contato sexual.
“Portanto, o momento ideal para a vacinação contra o HPV é antes mesmo do início da vida sexual. Quanto mais cedo melhor, uma vez que o imunizante produz os anticorpos que inibem a entrada do vírus nas células. Isso garante a proteção antes do contato com o vírus e reduz, também, a sua transmissão, além de prevenir a médio e longo prazo casos de câncer de útero”, reforça a especialista.
Segundo os dados mais recentes do IBGE, divulgados na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 35,4% dos adolescentes de 13 a 17 anos de idade já tiveram relação sexual alguma vez.
No Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina HPV quadrivalente está disponível para meninas e meninos entre 9 e 14 anos com esquema de duas doses e imunossuprimidos (pessoas com HIV, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos) de ambos os sexos, entre 9 e 45 anos.
Mesmo nos adultos, que não tiveram acesso à vacina quando adolescentes, a vacinação traz grandes benefícios também. Na rede privada, ambas as vacinas podem ser administradas de acordo com o esquema preconizado de duas ou três doses, de 9 a 45 anos, no sexo masculino e feminino. “É preciso recuperar a cobertura vacinal, para evitar que essas pessoas sigam expostas ao risco de infecções, reinfecções e desenvolvimento de lesões cancerígenas. O papilomavírus humano é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns”, enfatiza.