Um comandante de batalhão e um soldado dos Estados Unidos enfrentarão a corte marcial em acusações relacionadas às mortes de 24 civis iraquianos em Haditha, no Iraque, em 2005, anunciou a Fuzilaria Naval dos EUA.
Os dois homens são os primeiros militares enfrentando uma corte marcial no caso. O processo, que inicialmente incluía mais quatro homens, começou em dezembro do ano passado.
O tenente-coronel Jeffrey Chessani foi um dos quatro soldados inicialmente acusados pelas mortes que causaram indignação internacional. Ele foi acusado de negligência no cumprimento do dever, no relatório e na investigação do incidente.
Os fuzileiros também anunciaram na sexta-feira que o soldado Stephen Tatum enfrentaria a corte marcial por homicídio culposo (involuntário) e outras acusações. A acusação original de homicídio danoso (intencional) foi retirada.
O tenente-general James Mattis, comandante do Comando Central de Forças da Fuzilaria Naval dos EUA, recomendou as acusações contra os dois homens depois de avaliar as provas apresentadas em audiências pré-julgamento, conhecidas como procedimento do Artigo 32.
“O tenente-general Mattis tomou sua decisão depois de considerar a informação desenvolvida pelas investigações do Serviço Investigativo Criminal da Fuzilaria Naval, Exército e Marinha, como também provas apresentadas durante a audiência da investigação do Artigo 32”, anunciaram os fuzileiros em comunicado.
A Fuzilaria Naval liberou Chessani de seu comando em abril de 2006, depois que um artigo da revista Time detalhou a ação de 19 de novembro de 2005, com as mortes que se seguiram a um ataque a bomba. Um jovem fuzileiro também morreu na ocasião.
Testemunhas no tribunal militar mostraram que os fuzileiros na unidade mataram cinco homens desarmados depois de ordenarem que saíssem de um carro. Eles também mataram outras 19 pessoas, incluindo mulheres e crianças em duas casas nas proximidades.
Tatum foi um dos fuzileiros que “abriu caminho” pelas casas durante o incidente, de acordo com testemunhas. O soldado Humberto Mendoza disse, em agosto, que Tatum ordenou que ele atirasse contra um grupo de mulheres e crianças iraquianas que ele encontrou em uma cama, em um quarto fechado.
Tatum servia em sua segunda missão quando as mortes de Haditha ocorreram. Durante sua primeira incursão no país, Tatum participou da batalha de Falluja, em 2004.
“O soldado Tatum não cometeu nenhum crime, e vamos levar a batalha para o tribunal”, disseram seus advogados, Kyle Sampson e Jack Zimmermann, em comunicado.
Mattis não anunciou se realizará a corte marcial contra o sargento Frank Wuterich, líder da unidade que admitiu ter atirado contra civis iraquianos. A Fuzilaria Naval havia dito que a unidade havia respondido a tiros.
Uma audiência de provas contra um outro fuzileiro deverá ocorrer nas próximas semanas.