terça-feira, 28/05/2024
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Acordo com EUA não prejudica relação com Venezuela

Por mais que os protagonistas neguem e a elegância diplomática recomende que o assunto seja tratado com cautela, é inevitável analisar a visita do presidente norte-americano George W. Bush à América do Sul como uma alfinetada no venezuelano Hugo Chávez. Buscar alternativas para diminuir a dependência estadunidense de petróleo é também escapar de territórios hostis ao EUA, onde geralmente ficam as reservas – Venezuela e Oriente Médio, por exemplo.
E no meio dessa disputa, entra o Brasil com a possível solução: o etanol. Mas na análise de José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, não há disputa:

– Por que razão? Com o presidente Chávez nós temos uma relação de governo a governo, e com a PDVSA (estatal venezuelana de petróleo) nós temos vários tratados de negócios em andamento.

Gabrielli afirma que o memorando assinado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George Bush na última sexta-feira, estabelecendo um acordo de cooperação na área de biocombustíveis, vai beneficiar países pobres e democratizar o acesso às energias alternativas. Isso porque países do Sul têm mais possibilidade de produzirem o etanol consumido pelos países do Norte.

Leia a entrevista concedida com exclusividade a Terra Magazine.

Terra Magazine – Além da questão do etanol discutida pelos dois presidentes, qual é o significado político desse encontro?
José Sergio Gabrielli – Esse encontro demonstra uma possibilidade de cooperação entre os dois países em uma longa relação. Do ponto de vista energético, há entendimentos em torno da necessidade de se encontrar uma forma alternativa de energia, de biocombustíveis. Isso implica num impacto sobre as comunidades produtoras de biocombustíveis, que são distintas das comunidades produtoras de petróleo e isso coloca novos “players”, novos agentes nesse segmento. E permite que os dois países encontrem caminhos comuns no que se refere a isso. Do ponto de vista energético latino-americano significa também novas possibilidades para que o produto brasileiro encontre caminhos, alternativas além do que já estamos trabalhando. Nós, Brasil e nós, Petrobras, estamos trabalhando fortemente para a criação de uma infra-estrutura de transporte e produção voltada para o mercado japonês e agora abre-se uma nova possibilidade com o mercado americano.

E do ponto de vista latino-americano, o Brasil não fica no meio de uma queda-de-braço Bush e Chávez?
Não, por que razão? Com o presidente Chávez nós temos uma relação de governo a governo, e com a PDVSA (estatal venezuelana de petróleo) nós temos vários tratados de negócios em andamento. Temos a discussão da montagem da refinaria em Pernambuco, temos nossa participação nos campos de óleo ultrapesado na Venezuela, estamos discutindo a participação em novos campos lá, estudos sobre gasodutos para viabilizar o transporte de gás da Venezuela ao Brasil… Então nós temos um conjunto de negócios que continua andando, entre a Petrobras e a PDVSA.

Mas a intenção do presidente Bush em desenvolver uma nova alternativa ao petróleo é uma clara tentativa de diminuir a influência do presidente Chávez na América do Sul…
Não… a nossa relação com a PDVSA e a nossa relação com os EUA são relações entre um país soberano e a Petrobras como empresa, que tem relações com diferentes países.

Os dois presidentes ressaltaram que o acordo de cooperação também vai auxiliar a geração de energia em países pobres, para democratizar o acesso a essa energia. Como vai se dar isso?
Uma outra possibilidade que é muito importante na constituição desse mercado mundial de etanol é que as relações Norte-Sul se alteram. Porque os países do Sul têm mais possibilidade de serem produtores de etanol e isso envolve, portanto, a abertura de um amplo conjunto de possibilidades para os países pobres virem a produzir etanol e biodiesel.

Terra Magazine

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Parmenas Alt
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