quinta-feira, 16/05/2024
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Afinal, a maconha faz mal ou não?

Nos &uacuteltimos anos, o movimento para legaliza&ccedil&atildeo da maconha cresceu de forma consider&aacutevel. Nos Estados Unidos, pa&iacutes que tem se destacado pela libera&ccedil&atildeo de uso da droga para fins medicinais, metade dos estados j&aacute permite o uso da maconha medicinal, quatro deles tamb&eacutem para uso recreativo, apesar de a lei federal proibir a droga. As justificativas s&atildeo muitas &mdash a queda de viol&ecircncia est&aacute entre elas &ndash, mas o principal argumento utilizado em terras americanas &eacute que a maconha ajuda a tratar diversas doen&ccedilas. Com isso, est&aacute sendo criada mais uma ind&uacutestria bilion&aacuteria no pa&iacutes, que pode ultrapassar a marca dos onze d&iacutegitos por volta de 2020, segundo estimativas.

Como? Com a oferta dos mais variados produtos. Atualmente, os estados de Washington, Oregon e Colorado representam os maiores mercados de maconha recreativa nos Estados Unidos. Nesses locais, podem-se encontrar produtos como balas, chocolates e at&eacute biscoitos com a droga entre seus ingredientes. Mesmo nos estados em que sua comercializa&ccedil&atildeo &eacute autorizada apenas para fins medicinais, como a Calif&oacuternia, produtos como vinho com&nbspCannabis sativa&nbspem sua composi&ccedil&atildeo j&aacute s&atildeo vendidos em farm&aacutecias.

Apesar desse recente movimento de libera&ccedil&atildeo do consumo, o Drug Enforcement Administration (DEA), ag&ecircncia americana respons&aacutevel pelo controle e combate de drogas, decidiu em agosto manter a maconha em uma lista de entorpecentes extremamente perigosos, flexibilizando apenas a legisla&ccedil&atildeo voltada para cultivo e pesquisa com prop&oacutesitos cient&iacuteficos.

Na ocasi&atildeo, o diretor do DEA, Chuck Rosenberg, divulgou um comunicado no qual afirmava que n&atildeo existe evid&ecircncia de que haja consenso entre os especialistas qualificados de que a maconha &eacute segura e efetiva para o uso na hora de tratar uma doen&ccedila espec&iacutefica e reconhecida. Rosenberg disse ainda: Artigos recentes mostram de uma forma inquestion&aacutevel que o consumo de maconha aumenta em muito o risco de os jovens desenvolverem doen&ccedilas mentais. Do meu ponto de vista, essa gera&ccedil&atildeo que consome maiores quantidades de maconha do que a gera&ccedil&atildeo anterior pagar&aacute um alto pre&ccedilo em termos de aumento de quadros psiqui&aacutetricos.

Afinal, a maconha &eacute terap&ecircutica ou prejudicial?

&Eacute importante pontuar uma quest&atildeo: existe uma diferen&ccedila entre fumar maconha e usar uma subst&acircncia presente em sua composi&ccedil&atildeo para fins medicinais. Um exemplo disso &eacute o canabidiol, componente da droga que pode ter um efeito terap&ecircutico em doen&ccedilas degenerativas ou para coibir convuls&otildees. A comunidade m&eacutedica &eacute favor&aacutevel sim ao uso terap&ecircutico de subst&acircncias como essa, o que &eacute muito diferente de simplesmente apoiar o ato de fumar maconha, que cont&eacutem centenas de outras subst&acircncias, muitas nocivas ao organismo. Para se ter uma ideia, na d&eacutecada de 60, a concentra&ccedil&atildeo de tetraidrocanabinol (THC), respons&aacutevel pelos efeitos provocados pela droga no organismo, era de 0,5% em m&eacutedia. Atualmente, esses n&iacuteveis podem chegar at&eacute 30%, potencializando os efeitos nocivos da maconha ao organismo.

Diversos estudos demonstram que o THC afeta os sistemas vascular e nervoso central, alterando o funcionamento normal do c&eacuterebro e provocando diversas rea&ccedil&otildees. Um estudo conduzido durante vinte anos pelo pesquisador Wayne Denis Hall, conselheiro da Organiza&ccedil&atildeo Mundial de Sa&uacutede (OMS) indicou que a droga se caracteriza por ser viciante (um em cada dez adolescentes que fumam maconha frequentemente se torna dependente), pelo comprometimento intelectual em usu&aacuterios regulares (prejudicando atividades como estudos ou trabalho) e por dobrar o risco de desenvolvimento de doen&ccedilas ps&iacutequicas, como esquizofrenia e s&iacutendrome amotivacional, uma doen&ccedila muito similar &agrave depress&atildeo, que provoca falta de motiva&ccedil&atildeo para realizar tarefas.

&Eacute seguro afirmar que existe hoje uma cultura da maconha sendo promovida, principalmente pela internet, apoiada por grandes investidores no mundo inteiro, que usam como base a maconha medicinal na tentativa de diminuir a percep&ccedil&atildeo de risco associada ao uso da droga e, assim, obter grandes lucros, ao custo da sa&uacutede de milh&otildees de pessoas. Apenas no Brasil, o II Levantamento Nacional de &Aacutelcool e Drogas estima que existam mais de 3 milh&otildees de usu&aacuterios de maconha. No mundo, a OMS estima que esse n&uacutemero ultrapasse a casa dos 181 milh&otildees. A pergunta que fica ao analisar a quest&atildeo &eacute: vale a pena romantizar, promover a cultura da maconha, sendo que j&aacute temos o exemplo &aacutelcool e do tabaco, drogas legalizadas apesar dos malef&iacutecios &agrave sa&uacutede? Devemos esquecer tudo que aprendemos, estudando essas psicoativas?

A psiquiatra e neurocientista Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas dos Estados Unidos, costuma fazer uma an&aacutelise muito interessante nesse sentido, que compartilho: muitas pessoas, durante sua adolesc&ecircncia, conseguem tomar bebidas alco&oacutelicas e fumar cigarros, porque o acesso a esses produtos &eacute relativamente simples. Quando adultas e tendo sofrido tal influ&ecircncia, essas mesmas pessoas se tornam propensas a utilizar drogas mais pesadas. Baseada em pesquisas e em sua experi&ecircncia, a leitura de Nora &eacute de que a exposi&ccedil&atildeo aos efeitos do cigarro e bebidas alco&oacutelicas na juventude pode fazer com que as pessoas fiquem mais expostas a outras drogas e suas consequ&ecircncias &agrave sa&uacutede.

Com tudo isso em mente, no final o mal pode at&eacute parecer sutil, mas nem de longe &eacute.

veja.com

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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