quarta-feira, 15/05/2024
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AIDS vem aumentando na população da 3ª idade

Maior especialista em aids no Brasil, o médico infectologista David Uip, de 55 anos, alerta para o recente fenômeno da contaminação pela doença em idosos, com a popularização de remédios para disfunção erétil. Ele deixará os cargos de diretor-executivo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) e de diretor-presidente da Fundação Zerbini, entidade privada que mantém o Incor.
Com o fim do mandato, termina uma gestão atribulada. Por causa de dívidas de R$ 250 milhões da Fundação, ele promoveu devassa nas antigas administrações, o que lhe rendeu ameaças. Sua “menina dos olhos” é um programa que desenvolve em Angola, na África, para o controle da aids.

1 – Com os coquetéis disponíveis para tratamento da aids, é possível viver normalmente hoje em dia?
Sim, mas os medicamentos ainda apresentam efeitos colaterais. A pessoa tende a acumular gordura no abdome e na corcova, pode ter afilamento de braços e pernas, as taxas de colesterol e de triglicérides aumentam. O paciente ainda pode ter enfarte ou derrame.

2 – No Brasil há um perfil de pessoas infectadas?
Não, mas a transmissão mais fácil acontece na relação sexual de homem com homem. Homens costumavam ser maioria, mas hoje está empatado. Um fenômeno recente é o aumento de mulheres casadas infectadas, cujos maridos não têm o vírus.

3– Hoje, com tanta informação, os jovens se cuidam mais?
Fico assustado com o número de jovens bem-informados, que, mesmo sabendo do risco, se expõem. Vejo um caso de infecção desse por semana. Há alguns dias, um amigo me ligou preocupado, pois o filho de 19 anos confessou ter relações sem proteção.

4 – Pessoas na terceira idade também têm se contaminado?
Esse é outro fenômeno recente, que tem relação com o aumento do uso de drogas para a disfunção erétil. Os idosos passaram a ter relações sexuais por causa da pílula, e como na juventude não tiveram o hábito de usar camisinha, hoje, não colocam proteção.

5 – Como está o programa
antiaids que o senhor mantém há cinco anos na África?
Gosto muito de lá, mas, na primeira vez, achei o país dramático. Trabalhamos com grávidas, e hoje Angola comemora o índice de 1,14% de infecção de bebês. Isso significa que 1,14% das mulheres grávidas que participaram do programa tiveram seus filhos infectados. A vitória advém do tratamento durante toda a gravidez, mesmo mantendo parto normal e aleitamento materno, o que é uma novidade mundial. No Brasil, esse número é de 8 a 12%.

6 – Como é o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no Incor?
São os mesmos médicos, locais de atendimento e medicamentos tanto para o SUS quanto para convênios.

7 – Agora que vai deixar o Incor e a Fundação, pretende ocupar algum cargo político?
Vou focar a energia em aulas e pesquisas. Como os cargos que ocupo têm viés político, me sinto preparado para tudo.

8 – Como está a dívida da Fundação Zerbini?
Assumi a direção em março de 2007 com uma dívida de R$ 255 milhões com bancos privados, credores e com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento). A Fundação estava à beira da insolvência (o mesmo que a falência para uma empresa). Agora as dívidas estão renegociadas. O governo de São Paulo arcou com parte da dívida com o BNDES, que é dele
mesmo, pois o dinheiro foi usado para a construção do outro prédio do Incor. Para isso, revirei tudo, abri apuração sobre as antigas gestões e acabei vítima de ameaças e extorsão.

9 – Em 2006, o senhor fez representações à polícia e ao Ministério Público sobre supostas irregularidades em contratos das administrações anteriores da Fundação. Há relação entre a extorsão e a crise na entidade? Não quero afirmar, mas acho que ainda tem gente daqui envolvida (do Incor). Foi horroroso, ameaçaram minha família e exigiram dinheiro. Duas pessoas foram presas, e a polícia continua na investigação (em dezembro de 2007 a ex-funcionária Andréia Minessi Fetti Rossi, de 32 anos, e o marido, Anésio Rossi Júnior, de 34, foram pegos em flagrante. Eles pediram R$ 100 mil para não divulgarem supostas informações de que o médico teria desviado recursos da Fundação).

10 – Há alguma novidade nas investigações do incêndio no HC?
Concordo com o governador José Serra quando ele diz que pode ter sido sabotagem. Aqui mesmo no Incor descobrimos o furto de cabos elétricos, que também pode ser uma sabotagem e que está sob investigação da polícia. Isso poderia ter causado um incêndio ainda pior que o do HC.

Por Andrea Miramontes/FU

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Parmenas Alt
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