terça-feira, 14/05/2024
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Apesar de alta, a corrida pelo “ouro branco” não estimula novos investimentos em açúcar

O açúcar alcançou o preço mais alto das últimas duas décadas no mercado internacional, mas nada disso tem incentivado as usinas brasileiras a ampliarem a produção da commodity, que já foi chamada de “ouro branco” durante o Brasil colonial.

A disparada no preço despertou o maior interesse pelo açúcar, o que não se via desde meados da década passada. Sérgio Leme, presidente da Dedini, maior fabricante mundial de máquinas e equipamentos para o setor sucroalcooleiro, com sede em Piracicaba (SP), diz que o crescimento das consultas para fábricas de açúcar foi 150% maior em 2009 e prevê manutenção deste patamar para 2010.

Mas poucos projetos de novas usinas de açúcar se materializaram até agora. “Três ou quatro usinas que produzem etanol migraram para o setor de açúcar”, diz o diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio Pádua Rodrigues. “O investimento em novas fábricas de açúcar é muito pequeno.”

Cotação recorde

O preço do açúcar branco, ou refinado, para entrega em março chegou a quase a US$ 740 por tonelada em Londres nas primeiras semanas do ano, o valor mais alto desde janeiro de 1989, segundo a Bloomberg.

Nesta segunda-feira, depois de três quedas consecutivas, o valor voltou a subir para US$727,70. A alta é superior a 100% em um ano. O açúcar cru, matéria-prima, fechou em US$ 27,62 por libra na semana passada em Nova York.

A quebra da safra de cana-de-açúcar na Índia e as chuvas na época da colheita no Brasil foram dois dos principais fatores para a alta da commodity no mercado internacional, apontam os especialistas. O volume de açúcar a ser extraído da cana também foi reduzido em razão das chuvas, diminuindo o rendimento dos canaviais no Brasil.

O cenário continuará favorável ao açúcar por mais uma safra, a de 2010/11. “Achamos que os preços vão continuar atraentes também na próxima safra”, afirma o presidente da Açúcar Guarani, Jacyr da Costa Filho.

A empresa, controlada pela francesa Tereos, uma das maiores produtoras mundiais de açúcar, está investindo em três fábricas no Estado de São Paulo, adicionando 200 mil toneladas de produção, o que levará sua capacidade total para 1,3 milhão de toneladas.

Embora os projetos de açúcar estejam bem atrás dos planos de crescimento da produção de etanol, Pádua Rodrigues, da Unica, pondera que diversas empresas do setor sucroalcooleiro estão aproveitando o ciclo de alta de preços, obtendo maior remuneração com a venda de açúcar no mercado internacional do que etanol.

“Há um movimento localizado a favor do açúcar, mas as usinas estão flexibilizando sua produção para obter maior retorno”, diz Plínio Nastari, presidente da Datagro, a principal consultoria brasileira do setor. “E esses recursos estão sendo utilizando para abater suas dívidas.”

Dificuldades financeiras

Até pouco antes da crise internacional, em meados de 2008, projetos de produção de etanol pipocaram Brasil afora, aproveitando a grande euforia mundial por energia renovável em meio à alta do petróleo.

Mas inúmeras usinas entraram em dificuldades financeiras para a conclusão dos seus projetos de etanol por conta da escassez de crédito no mercado internacional.

Na safra 2009/10, cerca de metade das 45 usinas projetadas nem saiu do papel, segundo informações da Datagro. A consultoria calcula a existência de 457 usinas, controladas por 160 grupos econômicos, dos quais os 25 maiores controlam 51% de toda a cana moída no País.

Grupos estrangeiros aproveitaram o cenário para adquirirem usinas nacionais. Foi caso da Santelisa adquirida pela francesa Louis Dreyfus e o grupo Moema comprado pela gigante de alimentos Bunge. O processamento de cana realizado por empresas de capital estrangeiro foi de 18,4% na safra 2009/10, maior do que os 12,4% da safra anterior.

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Parmenas Alt
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