segunda-feira, 13/05/2024
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Aplicativo identifica em tempo real pragas em floresta de teca

Aplicativo para celular desenvolvido por pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Câmpus de Cáceres, faz com que os produtores de madeira teca identifiquem em tempo real qual a praga que prejudica o perfeito desenvolvimento da planta.

O aplicativo foi desenvolvido pelo professor Alexandre Santos, junto com os estudantes de Engenharia Florestal do IFMT, Diego Arcanjo do Nascimento, e de Sistema da Informação da Faculdade do Pantanal, Ronivaldo Junior.

Essa é a primeira patente de produto tecnológico do IFMT. Os pesquisadores já estão com o código e, consequentemente, com os direitos assegurados sobre a inovação. Agora, eles esperam a finalização do processo de patente por parte do Instituto Nacional da Propriedade Industrial [Inpi]. Segundo Santos, na área de tecnologia a conclusão costuma ser mais rápida do que a industrial e o trâmite deve estar terminado em quatro meses.

Apesar de ter o direito da ideia garantido, o que assegura a possibilidade de cobrar pelo uso, o professor diz que o aplicativo está disponibilizado gratuitamente e já pode ser baixado no Google Play, com o nome Entoteca. A forma de usar é muito simples e a linguagem bem acessível. Por enquanto está disponível apenas na versão Android, mas está prevista a versão para o sistema operacional iOS, da Apple.

Segundo Santos, o produtor de teca só vai precisar responder as perguntas feitas no aplicativo e comparar a espécie encontrada com as fotos disponíveis. Dessa forma, conforme Santos, o combate é muito mais rápido e o estrago menor. Isso porque, antes, o produtor precisava mandar uma amostra do inseto para análise em laboratório e, só depois do resultado, começar a fazer o combate, o que levava até 30 dias. “Com esse aplicativo, você não tem mais o trabalho de mandar para alguém. Qualquer pessoa, qualquer colaborador da empresa é entomologista em potencial”. São 23 pragas registradas dentro do programa.  Com três ou quatro passos já consegue chegar ao inseto.

O pesquisador cita como exemplo a lagarta desfolhadora, que come 24h por dia antes de virar mariposa ou borboleta. Um mês é o tempo suficiente para ela devastar tudo e completar seu ciclo.  “Quando chega a resposta, parte do seu plantio foi comprometida consideravelmente”.

O cuidado se deve às exigências internacionais para o cultivo, para melhor eficiência no emprego de produtos químicos. Assim, é necessário saber exatamente o que vai ser combatido, pois o produtor terá que prestar esclarecimentos aos auditores internacionais e precisam manter a certificação ambiental. “O emprego de produtos químicos só é liberado com a exatidão sobre a espécie do inseto que está atingindo a floresta dele”.

Teca em MT

Mato Grosso é o maior plantador de teca do país, chegando aos 65 mil hectares. Segundo dados da Associação de Reflorestadores de Mato Grosso (Arefloresta/MT), a produção estadual está localizada principalmente nos municípios de Cáceres, São José dos Quatro Marcos e Porto Esperidião, concentrando cerca de 70% da área plantada. Outros 20% estão localizados na região norte mato-grossense, em municípios como Juara, Alta Floresta e São José do Rio Claro. Também é cultivada em Nobres (5% da área) e Rosário Oeste e Água Boa (outros 5%).

A principal destinação da madeira é a indústria moveleira. Há também seu uso na construção civil, com menos frequência. As principais pragas que acometem a árvore são a formiga cortadeira, as lagartas desfolhadoras e os besouros rendilhadores. A perda da madeira por conta dos insetos ocorre em todas as fases de desenvolvimento. “Desde quando planta a mudinha no campo até depois da colheita. Se for exposta por muito tempo secando, os insetos a danificam, e com isso perde o valor comercial”.

Dessa forma, o produtor vai precisar usar o aplicativo diversas vezes no decorrer dos 25 anos em que a madeira leva para poder ser retirada da floresta. O valor por metro cúbico é variado, estando na média de 800 dólares.

A maioria da madeira extraída é para exportação. O maior comprador é a índia. “Naquele país, ela é considerada uma madeira sagrada. Todo mundo tem que ter um tipo de móvel em casa feito de teca”.

Projeto e futuro

O projeto foi colocado em prática devido a demanda da empresa Florestec para conseguir dar nome em relação à espécie dos insetos que prejudicavam a plantavam e precisavam ser exterminados. O produto final acabou sendo usando como material didático no curso de Engenharia Florestal.

Apesar de ser possível identificar a maioria dos insetos a olho nu, o professor ressalta que é necessária muita experiência e no início é muito difícil. “Um exemplo é que existem duas espécies de formiga cortadeira: Saúva Limão e Saúva Cabeça de Vidro. Elas são muito parecidas, tem que achar a diferença, da coloração do corpo e da forma da antena”.

A conclusão do aplicativo deixou mais evidente ao professor a importância de produtos como esse para ajudar no combate às pragas, que ele prefere chamar de “inseto de importância econômica”. Com isso, intuito é desenvolver software semelhante para outras espécies de árvores como Eucalipto, Pinho Cuiabano, Mogno Africano dentre outras.

Ele está concluindo também processo para a patente industrial para identificar presença de cupins. Essa também será a primeira do IFMT, sendo que nesse segmento pode demorar até três anos para ser liberada. Nesse caso, o projeto está sendo desenvolvido em parceria com setor privado e a patente será convertida em royalties reinvestidos dentro das instituições. 

IFMT

Segundo a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica [NIT], do IFMT, Valquíria Martinho, o primeiro depósito de pedido de propriedade intelectual da instituição é um marco histórico para a pesquisa e inovação e fortalece o trabalho do NIT com a perspectiva de proteção das inovações desenvolvidas pela instituição, coibindo reprodução, venda e importação de produtos idênticos.

“Essa proteção enriquece o currículo dos pesquisadores e coloca a instituição em destaque no cenário nacional, tendo em vista que os indicadores atuais de inovação são dados em função dos números de depósitos de pedidos no INPI”, reforça Valquíria.

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Parmenas Alt
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