quarta-feira, 15/05/2024
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Biocombustíveis contribuem para subida de preços de alimentos, diz Stephanes

Embora de forma “secundária”, a produção de biocombustíveis é um dos fatores que pressionam para cima os preços dos alimentos no mercado mundial e, consequentemente, dentro do Brasil, conforme avaliou nesta quarta-feira (14), o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, durante audiência pública de comissões do Senado Federal que debate o assunto.

Segundo ele, os preços estão sendo afetados, porém, pela política adotada pelos Estados Unidos, cuja produção do etanol é feita a partir do milho, e não pela produção brasileira, feita a partir da cana-de-açúcar. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de “sacanagem pura” as críticas ao etanol brasileiro.

“Não há competição em termos de Brasil. Mas nos Estados Unidos, 120 milhões de toneladas de milho em 2009 [serão usadas para biocombustíveis]. Isso gerou impacto no mercado mundial. Da mesma forma que a União Européia mantém subsídios [para a produção agrícola]. É uma distorção que surge. Começa a haver competição de áreas de produção de alimentos com energia. Embora de forma secundária”, afirmou ele a parlamentares.

Produção brasileira
Segundo o ministro, a produção brasileira de etanol não contribui para o aumento dos preços dos alimentos. Ele explicou que, atualmente, 3,5 milhões de hectares são utilizados para o plantio de cana-de-açúcar para produção de etanol no Brasil, o equivalente a 0,5% do território nacional, ao mesmo tempo em que 50 milhões de hectares são usados para o plantio de alimentos.

“Usamos uma área muito grande (200 milhões de hectares dos 851 milhões existentes no país) para a produção pecuária [bovinos, caprinos, suínos, etc]. Há também um baixo nível de produtividade nestas terras. Os dados mostram, porém, que de 60% a 70% da área de cana-de-açúcar cresce sobre as áreas de pastagens. Não há nenhuma competição com outros produtos [alimentos]”, disse Stephanes.

Excedente agrícola
O ministro da Agricultura notou que o Brasil é um dos poucos países do mundo que consegue produzir alimentos para suas necessidades internas, que também avançam a cada ano, além de um excedente crescente para exportação.

“É um dado extremamente importante. Mostra a capacidade que o Brasil tem de compatibilizar produção de alimentos com energia. O Brasil faz isso há 30 anos. Não é nenhuma novidade. O Brasil está muito bem situado neste quadro. É uma grande oportunidade para o Brasil”, disse Stephanes.

Principais fatores para o aumento de preços
Stephanes avaliou que o principal fator a elevar o preço dos alimentos em todo o mundo neste ano é o crescimento da procura mundial. Segundo ele, a economia mundial cresceu de forma contínua nos últimos anos, fenômeno que não acontecia desde a década de 70.

“Isso leva a aumento de renda e da demanda internacional. Povos que não conseguiam se alimentar bem, passam a se alimentar mais e melhor. A consumir proteína animal e em quantidades maiores. (…) A razão mais forte [para os preços mais altos dos alimentos] é o aumento de renda. Quanto a isso não há nenhuma dúvida”, disse ele a parlamentares.

Outro fator que também tem contribuído para elevar os preços dos alimentos, segundo análise do ministro, são as mudanças climáticas que já se fazem presentes em alguns países. “Na Austrália, com a seca, teve queda da produção de arroz. Foi um dos responsáveis pela explosão do preço. No Rio Grande do Sul, temos sete anos de baixas produtividades por conta do clima”, disse.

Preços
O ministro analisou que os preços dos alimentos não deverão cair no futuro. “Podemos ter pequenos recuos no arroz, e trigo, mas não retornarão mais aos patamares anteriores. A tendência, não em 2008 e 2009, mas mais à frente, em 2011 e 2012, podemos ter impactos maiores de preços [novos aumentos]. Desde que a tendência de hoje se mantenha [de crescimento da procura por alimentos]”, disse ele.

Stephanes notou que, antes, havia mais oferta do que demanda por alimentos, e que agora esse quadro se inverteu. “O crescimento mundial por alimentos está em torno de 5%. Alguns países puxam isso mais, como a China, cuja compra de soja cresce 20% ao ano”, disse ele.

Acrescentou que os estoques brasileiros de trigo, milho e arroz vêm caindo há cinco anos. “Na verdade, estávamos comendo estoques. Eles são quase a metade de cinco ou seis anos atrás. Os impactos só aconteceram de 2007 em diante, mas os sinais já vinham sendo demonstrados há mais tempo”, avaliou Stephanes.

G1

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Parmenas Alt
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