terça-feira, 14/05/2024
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ESTRÉIA-“Zuzu Angel” encena drama político com Patrícia Pillar

Sem nunca ter sido militante política, Zuzu, como era conhecida profissionalmente, teve sua vida transformada em pesadelo depois que seu filho, Stuart Angel Jones (Daniel Oliveira), entrou na luta armada, foi preso em 1971, época da ditadura militar, e desapareceu, para nunca mais ser visto.

O filme entra em cartaz nesta sexta-feira, em circuito nacional, com 170 cópias.

A luta da mãe para saber a verdade sobre o destino do filho levou-a inclusive a recorrer a personalidades internacionais, como o então secretário de Estado americano Henry Kissinger. O motivo era que Stuart, filho de um americano, tinha também essa nacionalidade.

Como resultado de sua pressão, que expunha a face mais dura do regime militar dentro e fora do país, a estilista acabou morrendo num acidente de carro, em 1976, no mesmo túnel no Rio de Janeiro que hoje leva seu nome.

É o próprio diretor, Sérgio Rezende, em entrevista à Reuters em um hotel de São Paulo, quem afirma que a morte de Zuzu foi criminosa: “Hoje é oficial e reconhecido pelo Ministério da Justiça que Zuzu sofreu um atentado”, disse.

Embora deixe esse detalhe bem claro, bem como toda a perseguição que a estilista sofreu por parte de agentes da repressão política, “Zuzu Angel” aposta bem mais na emoção.

Para isso, individualiza a discussão sobre as diferenças de postura frente à ditadura militar no Brasil dos anos 1970. De um lado, está a figura ponderada e a princípio apolítica de Zuzu, admiravelmente interpretada por Patrícia Pillar, e de outro, a oposição engajada do filho socialista, Stuart.

Para compor o roteiro — que assina juntamente com Marcos Bernstein, co-roteirista de “Central do Brasil” –, Rezende revela que recorreu aos depoimentos da jornalista Hildegarde Angel, filha de Zuzu, de Elke Maravilha, sua modelo e amiga, bem como à sua própria experiência.

Nascido em 1951, o diretor tinha um amigo chamado Beto, que foi preso de repente. “Ele era motorista da Aliança Libertadora Nacional, um movimento de guerrilha, nos assaltos a banco que eles faziam. E eu não sabia de nada”, conta.

Sergio Rezende acredita que seu filme permite reavaliar a importância da figura de sua protagonista: “Na época, os militantes políticos faziam restrições a ela porque não militava em movimento nenhum, nem na Anistia Internacional. Hoje reconhecem que, sozinha, Zuzu conseguia mobilizar o mundo inteiro”.

Alguns personagens secundários contribuem para completar o clima da época, basicamente entre o ano de 1971 e 1976, morte da estilista. Eles são especialmente Sonia Angel (Leandra Leal), mulher de Stuart que também foi presa e morta; Elke Maravilha (Luana Piovani), sua modelo; Heleno Fragoso (Alexandre Borges), o advogado que representava a estilista; e militares da repressão, como os vividos por Othon Bastos e Flávio Bauraqui.

Com um elenco assim estelar, numa produção cuidada, com orçamento de 6,5 milhões de reais, é certo que o filme visa o grande público, procurando apresentar os fatos de maneira didática.

Na trilha sonora de Cristóvão Bastos, o destaque é a canção “Angélica”, composta especialmente por Chico Buarque de Holanda para a estilista, um ano após sua morte. Foi com Chico, aliás, que Zuzu deixou uma carta, pouco antes de morrer, denunciando que, se algo lhe acontecesse, seria obra dos mesmos autores da morte de seu filho.

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Parmenas Alt
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