quinta-feira, 16/05/2024
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Infecção por zika traz problemas a um terço dos bebês

Um estudo que acompanhou 57 gestantes paulistas infectadas pelo zika refor&ccedila a hip&oacutetese de que o v&iacuterus pode causar diversos danos aos beb&ecircs al&eacutem da microcefalia. E as anomalias podem acontecer independentemente do trimestre de gravidez em que a m&atildee foi infectada.

Coordenada por Mauricio Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de S&atildeo Jos&eacute do Rio Preto e integrante da Rede Zika (for&ccedila-tarefa formada por pesquisadores de S&atildeo Paulo apoiados pela Funda&ccedil&atildeo de Amparo &agrave Pesquisa do Estado de S&atildeo Paulo, a Fapesp), a pesquisa monitorou 1.200 gr&aacutevidas do interior, das quais 57 tiveram a confirma&ccedil&atildeo de contamina&ccedil&atildeo pelo v&iacuterus zika, com casos de infec&ccedil&atildeo em todos os trimestres da gesta&ccedil&atildeo.

Ap&oacutes todos os partos, os pesquisadores verificaram que nenhum dos beb&ecircs nasceu com microcefalia, mas, ao realizarem exames mais aprofundados, descobriram que 35% das crian&ccedilas desenvolveram alguma anomalia. Vinte dos 57 beb&ecircs nasceram com algum tipo de m&aacute-forma&ccedil&atildeo discreta, como surdez unilateral, danos na retina, cistos cerebrais ou inflama&ccedil&atildeo em art&eacuterias cerebrais. O pr&oacuteximo passo &eacute investigar a import&acircncia desses achados no desenvolvimento da crian&ccedila, explica o cientista.

Nogueira diz que h&aacute situa&ccedil&otildees que comprovam que o beb&ecirc pode ser prejudicado, mesmo se a contamina&ccedil&atildeo pelo v&iacuterus ocorrer no fim da gravidez. Em um dos casos, a mulher contraiu a doen&ccedila com 36 semanas de gesta&ccedil&atildeo e, mesmo assim, o beb&ecirc nasceu com sinais de infec&ccedil&atildeo cerebral. Os resultados indicam que a microcefalia deve ser mesmo s&oacute a ponta do iceberg, ela n&atildeo deve ser o fen&ocircmeno mais prov&aacutevel entre os que o zika pode causar. Muitas crian&ccedilas devem ter desenvolvido alguma anomalia mais leve que n&atildeo foi notada. Se esses 20 beb&ecircs, por exemplo, n&atildeo estivessem participando da pesquisa, sairiam da maternidade como crian&ccedilas normais, porque tinham peso e per&iacutemetro cef&aacutelico dentro do esperado, afirma.

Pesquisa realizada por cientistas da Fiocruz e publicada em mar&ccedilo no peri&oacutedico The New England Journal of Medicine j&aacute mostrava que 29% dos beb&ecircs de m&atildees que tiveram zika apresentaram alguma anomalia, mesmo quando a infec&ccedil&atildeo era tardia, ou seja, nos &uacuteltimos meses da gravidez.

Outros estudos

O grupo de pesquisa de S&atildeo Jos&eacute do Rio Preto conduz ainda outros dois estudos sobre a a&ccedil&atildeo do v&iacuterus zika. Em um deles, os cientistas est&atildeo monitorando h&aacute um ano um grupo de 1.500 pessoas para verificar, por exames de sangue, quais foram infectados mesmo sem sintomas. Isso porque, no caso da dengue, a estimativa &eacute de que apenas 20% das pessoas infectadas sejam sintom&aacuteticas, o que aponta que os n&uacutemeros das epidemias sejam muito maiores do que os registrados pelo Minist&eacuterio da Sa&uacutede.

Leia tamb&eacutem:
Zika: o que a ci&ecircncia sabe sobre o v&iacuterus

A outra pesquisa busca saber se os diagn&oacutesticos de zika e dengue est&atildeo sendo dados corretamente, uma vez que, em per&iacuteodos epid&ecircmicos, eles costumam ser feitos apenas por crit&eacuterios cl&iacutenicos e epidemiol&oacutegicos, sem a realiza&ccedil&atildeo de exames. Colhemos cerca de 1.500 amostras de pessoas que passaram por servi&ccedilos de sa&uacutede e receberam diagn&oacutesticos por crit&eacuterios cl&iacutenico-epidemiol&oacutegicos. Verificamos que cerca de 15% das pessoas que sa&iacuteram do servi&ccedilo com diagn&oacutestico de dengue tinham, na verdade, zika enquanto 20% a 30% dos que sa&iacuteram achando que tinham zika estavam com dengue, conta.

Nogueira explica que o diagn&oacutestico correto &eacute importante tanto para definir as provid&ecircncias a tomar em cada caso, de acordo com as poss&iacuteveis complica&ccedil&otildees de cada doen&ccedila, quanto para que os dados de sa&uacutede p&uacuteblica n&atildeo tenham distor&ccedil&otildees. Se o governo for avaliar se oferece uma vacina contra a dengue na rede p&uacuteblica, por exemplo, ele precisa saber o real alcance da epidemia.

(Com Estad&atildeo Conte&uacutedo)-VEJA.COM

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Parmenas Alt
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