quinta-feira, 16/05/2024
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Paraíso Fiscal: Suíça começa a desmontar seu esquema de segredo bancário

Pressionada, a Su&iacute&ccedila come&ccedila a desmontar seu esquema de segredo banc&aacuterio que, por d&eacutecadas, deu ao pa&iacutes uma reputa&ccedil&atildeo de aceitar dinheiro de qualquer origem e contribuir para a evas&atildeo fiscal e a corrup&ccedil&atildeo. Desde o dia 1&ordm de janeiro, as autoridades su&iacute&ccedilas passaram a aderir &agrave Conven&ccedil&atildeo Internacional de Troca Autom&aacutetica de Informa&ccedil&atildeo Banc&aacuteria, desenhada pela Organiza&ccedil&atildeo para Coopera&ccedil&atildeo e Desenvolvimento Econ&ocircmico (OCDE).

Pelas novas regras, a Su&iacute&ccedila ter&aacute de compartilhar de forma autom&aacutetica os dados de contas banc&aacuterias de estrangeiros com as autoridades fiscais dos pa&iacuteses de origem.

Num primeiro momento, os su&iacute&ccedilos v&atildeo apenas coletar os dados e, em 2018, a troca de informa&ccedil&otildees vai come&ccedilar a ser feita. At&eacute hoje, os bancos da Su&iacute&ccedila apenas forneciam informa&ccedil&otildees se solicitados por pa&iacuteses que tinham acordos de coopera&ccedil&atildeo com Berna. Mas, ainda assim, uma transfer&ecircncia total de dados n&atildeo era garantida.

Tudo come&ccedilou a mudar em 2008. Com a crise financeira nos Estados Unidos, o governo de Barack Obama passou a buscar recursos de americanos escondidos pelo mundo. O alvo principal foi a Su&iacute&ccedila que, em troca de continuar a operar no mercado dos EUA com seus bancos, entregou os nomes de 50 mil correntistas. O FBI passou a investigar a atua&ccedil&atildeo dos bancos su&iacute&ccedilos e bilh&otildees de d&oacutelares em multas foram aplicadas.

As multas, os esc&acircndalos e a mancha na reputa&ccedil&atildeo do pa&iacutes levou os l&iacutederes pol&iacuteticos a mudar o tom em rela&ccedil&atildeo ao segredo banc&aacuterio. O resultado foi uma transforma&ccedil&atildeo importante nas regras e novos padr&otildees estabelecidos pelos bancos.

Nessa primeira etapa, as institui&ccedil&otildees financeiras far&atildeo um levantamento de todas as contas de estrangeiro. Os dados n&atildeo ser&atildeo tornados p&uacuteblicos. Mas servir&atildeo para ajudar terceiros pa&iacuteses a coletar impostos n&atildeo pagos pelos correntistas. No total, 38 pa&iacuteses fazem parte do acordo da OCDE. Mas a Su&iacute&ccedila j&aacute come&ccedilou a ampliar o n&uacutemero de parceiros, com acordos com Brasil, Argentina e &Iacutendia.

&lsquoNecessidade&rsquo

Banqueiros que conversaram com a reportagem admitiram que a nova realidade era uma necessidade, diante da reputa&ccedil&atildeo negativa que o pa&iacutes havia acumulado ao longo dos anos. Para a diplomacia su&iacute&ccedila, n&atildeo faz sentido promover o desenvolvimento e boa governan&ccedila pelo mundo e, ao mesmo tempo, n&atildeo ajudar na luta contra a evas&atildeo.

Mas a Associa&ccedil&atildeo de Bancos Su&iacute&ccedilos, ainda que tenha aceito o entendimento, quer garantias de que todos os demais pa&iacuteses tamb&eacutem v&atildeo adotar as novas leis. Vamos implementar as leis. Mas esperamos que centros financeiros que competem com o nosso fa&ccedilam a mesma coisa para garantir condi&ccedil&otildees justas de competi&ccedil&otildees, indicou a entidade. O temor dos bancos su&iacute&ccedilos &eacute de que o dinheiro simplesmente migre para outros locais que ainda mant&ecircm o segredo banc&aacuterio.

Resist&ecircncia

Apesar das importantes mudan&ccedilas, o combate contra o dinheiro sujo na Su&iacute&ccedila n&atildeo &eacute ainda uma batalha vencida. No fim do ano passado, o Grupo de A&ccedil&atildeo Financeira Internacional (Gafi) alertou que os bancos locais n&atildeo t&ecircm informado de forma suficiente as atividades suspeitas de seus clientes e apontou falhas no controle de operadores e intermedi&aacuterios.

Deposit&aacuterio de mais de US$ 6 trilh&otildees, os bancos su&iacute&ccedilos ainda n&atildeo estariam agindo de forma suficiente para lidar com a lavagem de dinheiro. O Gafi &eacute quem elabora padr&otildees globais de combate &agrave corrup&ccedil&atildeo, adotados por 180 pa&iacuteses e periodicamente avalia a luta de diferentes pa&iacuteses contra a lavagem de dinheiro e at&eacute mesmo o financiamento do crime.

Ao longo dos anos, a puni&ccedil&atildeo contra lavagem de dinheiro na Su&iacute&ccedila tem se limitado a multas aplicadas aos bancos, e raramente seus diretores s&atildeo responsabilizados diretamente.

A institui&ccedil&atildeo tamb&eacutem apontou falhas no controle dos bancos para identificar clientes que possam estar cometendo crimes, assim como um controle limitado sobre operadores e intermedi&aacuterios de contas, justamente o mecanismo usado pelos ex-diretores da Petrobras e da Odebrecht para pagar propinas. No total, mais de mil contas relacionadas com a Lava Jato foram bloqueadas em 42 bancos su&iacute&ccedilos, com movimenta&ccedil&otildees que chegaram at&eacute 2015.

Falha

Para o Gafi, os bancos t&ecircm tomado cuidado com novos clientes. Mas n&atildeo adotam o mesmo controle em rela&ccedil&atildeo aos mais antigos. Bancos n&atildeo fazem uma revis&atildeo suficiente e n&atildeo atualizam dados sobre clientes existentes, alertou o Gafi. Isso pode levar a falhas para identificar clientes que possam ter transa&ccedil&otildees suspeitas, constatou. A implementa&ccedil&atildeo de medidas de due diligence com clientes j&aacute existentes n&atildeo &eacute sempre satisfat&oacuteria.

Outro alerta da entidade internacional &eacute que bancos t&ecircm relatado &agraves autoridades um n&uacutemero ainda baixo de transa&ccedil&otildees suspeitas. As institui&ccedil&otildees financeiras, segundo o Gafi, t&ecircm entregue os nomes de suspeitos apenas depois que casos s&atildeo p&uacuteblicos ou foram descobertos pela Justi&ccedila. Pela lei, os bancos s&atildeo obrigados a relatar transfer&ecircncias suspeitas.

Outra constata&ccedil&atildeo &eacute de que os su&iacute&ccedilos tampouco t&ecircm obtido bons resultados no controle de benefici&aacuterios de trusts, mecanismo usado pelo ex-deputado Eduardo Cunha para camuflar recursos na Su&iacute&ccedila.

O governo su&iacute&ccedilo reconheceu que precisa melhorar. J&aacute os bancos t&ecircm uma vis&atildeo diferente sobre a recomenda&ccedil&atildeo do Gafi por um maior n&uacutemero de comunica&ccedil&otildees de suspeitas. Na avalia&ccedil&atildeo dos bancos, simplesmente aumentar o n&uacutemero de relat&oacuterios de atividades suspeitas n&atildeo vai necessariamente resultar num aumento da efici&ecircncia em prevenir a lavagem de dinheiro, declarou a Associa&ccedil&atildeo de Bancos Su&iacute&ccedilos. As informa&ccedil&otildees s&atildeo do jornal O Estado de S. Paulo.ISTO&Eacute

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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