quarta-feira, 05/06/2024
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Promessas de bons ganhos acaba em destino sombrio

Há 2 anos, Viviane*, de 22, semianalfabeta, trabalhava como doméstica em São Paulo quando recebeu um convite que parecia irrecusável: trabalhar em um restaurante em Bilbao, na Espanha, com todas as despesas de viagem, casa e comida pagas. O convite veio de um namorado que conheceu pela internet e que morava no país europeu. Sem pensar muito, Viviane aceitou que o rapaz acertasse a documentação para a viagem e comprasse a passagem. Chegando na Espanha, a moça percebeu que a realidade era outra. Viviane havia sido aliciada para trabalhar como prostituta no exterior. Ao desembarcar no país, um carro a esperava e uma pessoa a convenceu a entregar passaporte e documentação. Os aliciadores também apresentaram um

documento que mostrava que, ao por os pés na Espanha, a moça havia acumulado uma dívida de cerca de R$ 25 mil, referentes à passagem aérea, transporte, documentação, moradia e comida. Viviane, então, passou a ser trancada dentro de um prostíbulo espanhol. Sem ver a luz do dia, sem falar o idioma local e obrigada a manter um número determinado de relações sexuais diárias para pagar a tal dívida, a brasileira vivia em uma espécie de escravidão. Mal sabia que a dívida nunca diminuiria,
ao contrário, só aumentaria. Um ano depois, com ajuda de um cliente, ela conseguiu escapar e voltar ao Brasil.
Aqui, ela foi recepcionada pela organização não-governamental (ONG) Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude (Asbrad), de Guarulhos (SP), especializada em direitos humanos.

O caso é um entre as centenas que coleciona a diretora da ONG, Dalila Figueiredo. “É um exemplo típico de como as mulheres são aliciadas. Elas acreditam mesmo que alguém cederia passagem e documentação de graça. Ninguém dá nada gratuitamente. Outras mulheres já vão sabendo que vão se prostituir, mas acreditam que com elas será diferente. Não será. Elas serão ameaçadas, exploradas e vendidas como mercadoria”, explica Dalila.

Processo rápido
Infelizmente, o Brasil está entre os países em que mais mulheres são aliciadas para exploração sexual no exterior. Segundo a Polícia Federal, entre 2007 e 2008, mais de 200 brasileiras foram vítimas de tráfico para fins sexuais. Boa parte delas é de Goiás, mas há inúmeros casos em todo Norte e Nordeste do País, principalmente no interior dos estados. “Temos vários fatores que colaboram para o crime. Primeiro, as aliciadas vêm de cidades do interior, com nível cultural baixo. O biótipo da brasileira agrada os europeus e, além disso, Goiás serve de passagem para mulheres que vêm de outros lugares, como o Maranhão. E o passaporte aqui sai rápido”, diz o delegado da Polícia Federal de Goiás, Luciano Dornelas.
São casos como o de uma quadrilha deflagrada na Europa há 2 meses. Um grupo de albaneses foi preso porque explorava brasileiras em cidades próximas à Barcelona, na Espanha. Uma fonte policial contou o caso à agência “BBC”: “Elas eram obrigadas a exercer a prostituição sob ameaça, surras e vigilância absoluta. A cada 3 ou 4 meses algumas eram vendidas a outros cafetões.” Na ocasião, 28 brasileiras foram libertadas e voltaram ao País.
“A Europa é o continente que mais recebe brasileiras. Nos Estados Unidos é mais difícil por causa do visto”, diz Felipe Seixas, delegado da Polícia Federal de Brasília, que por 2 anos foi chefe da área que cuida do tráfico de seres humanos.
*Nome fictício

F.Uni/Por Andrea Miramontes

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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