quarta-feira, 05/06/2024
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A Voz dos Sinos novo romance do jornalista Rui Matos

Rui Matos, mescla ficção com veracidade e foi escrito após o autor superar uma crise de ansiedade

A Voz dos Sinos, novo romance do jornalista Rui Matos, desnuda uma realidade de medos, desafios e superação. Junto ao primeiro livro, No Mar de Água Doce, a saga campestre conta o drama de três gerações de uma família em conflito. No enredo, crise de relacionamento, busca para vencer as diferenças, conflitos, além da tão sonhada resiliência no período entre o auge da Era Vargas em 1930 e o estopim do Golpe Militar de 1964. Um tapete literário que começa no majestoso cenário pantaneiro de Mato Grosso e chega à bucólica São João Del-Rey, Minas Gerais. Um mergulho entre ficção e realidade tendo como pano de fundo as angústias humanas.

“Descobrir a literatura como rota de fuga me salvou da depressão profunda”, conta o autor, que é natural de Rondonópolis (MT) e mora em Cuiabá desde 1986. Com especialização em Marketing e Filosofia, os quase 30 anos de experiência no Jornalismo foram motivação para contar histórias de forma mais lúdica. O impulso foi a busca pela cura de uma depressão que já produzia sintomas psicossomáticos. “Nas muitas noites de insônia e desejos de morte, decidi ligar o computador e começar o roteiro de apenas um livro e que, mais adiante, se tornou uma trilogia. Em vez de ficar sofrendo com as dores da alma e do corpo, transferi todos os sentidos aos personagens”, revela.

No entanto, Rui Matos não criou personagens baseado em si mesmo. Muito menos, traduziu suas próprias fraquezas. “Assim como eu sofria, via tantos amigos e familiares se definhando com a depressão. Identifiquei um problema comum a tantas pessoas próximas. A partir daí, criei personagens e fui desenhando uma realidade coletiva que fica mais evidente no personagem Julian, de A Voz dos Sinos. No Mar de Água Doce é o berço das situações que antecedem o desenrolar de A Voz dos Sinos e que faz o menino Julian criar o seu mundo particular. Para ele tudo é perfeito aos seus olhos, ainda assim sem perder de vista a angústia que o aflige. Julian descortina o mundo real bisbilhotando por buracos de fechaduras e frestas de janelas”. Daí por diante, a narrativa se envolve em cenas sensuais, enigmas, mortes e um envolvimento emocional com o linguajar, sabores, cores e aromas do Pantanal e das serras mineiras. Nesse contexto, o autor se valeu da experiência profissional junto ao universo pantaneiro, além das memórias de infância nas muitas viagens de férias ao Triângulo Mineiro.

“O curioso é que consegui escrever uma história com situações engraçadas, cheia de curiosidades, mistérios, exemplos de superação e longe de ser identificada como autoajuda”. Segundo o autor, é romance ao estilo prosa. A certeza de que o escritor estava no caminho certo veio com a premiação das duas obras no Edital ‘Estevão de Mendonça de Literatura Mato-grossense’ em 2015 e 2020, respectivamente. Prêmios que se juntaram a outros conquistados: Finalista do 10º Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo (2010), e vencedor do Jornalistas & Cia – HSBC (2010), Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2013 e 2015, por essa ordem. “Costumo dizer que criei uma história viva, que vai se concretizar em dezembro desse ano com o terceiro livro que ainda está sem título”.

Para compor esse cenário histórico-regional nos dois livros, Rui Matos criou personagens metafóricos e com ares de realismo fantástico como Agnus, Maria Cecília, Comendador Coriolano Gregory, Maria Sete Voltas, João do Carro de Boi, João Facudo, Bethe Cheirosinha, Grampola Bocaiúva, Nego Fogoió, Mulata Lucrécia, o menino Julian, além de outros personagens secundários que traduzem tanto o ambiente boiadeiro do Pantanal quanto o horizonte barroco da Minas Gerais histórica.

“Felizmente, em Mato Grosso não se colhe apenas grãos. Como cantaram Arnaldo Antunes e Fromer, ‘a gente não quer só comida’. Brotou uma nova safra de escritores e Rui Matos germinou com o seu primeiro romance No Mar de Água Doce”, avalia o escritor Eduardo Mahon.

Em No Mar de Água Doce, Rui Matos busca o tortuoso caminho do sucesso, tão ansiado por escritores que se lançam no mercado editorial. Para o membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, João Carlos Vicente Ferreira, ao romancear fatos ocorridos com gente pantaneira e o próprio Pantanal, o autor vai atrair a atenção dos leitores, não só pelo tema, mas também pela qualidade e apuro na elaboração do texto. “Falar do Pantanal, de sua gente e suas histórias, das terras ricas e férteis, dos pássaros que buscam suas lagoas para pesca e alimentos necessários, das plantas que se reproduzem e cria toda vegetação exuberante que marca com beleza este oásis biológico, de água, luz e terra é, sem dúvida alguma, uma forma de arrebatar leitores. Uma narrativa cheia de sensualidade que aguça a imaginação”, observa João Carlos. “Foi um desfile incrível de narrativas nos dois livros. Não dá para ler em poucos dias. Cada frase tem que parar a leitura para contemplar o quadro que se desenha na mente”, definiu Raul Almeida Moraes, engenheiro agrônomo de Araçatuba, São Paulo.

“Com a leitura de A Voz dos Sinos me deliciei com frases inesperadas. Com definições sorrateiras bem ao estilo mineiro. É natural de Minas Gerais que nem tudo seja dito de forma explícita. Como se houvesse um pacto com o leitor. Eu escrevo e você pensa como quiser. Rui Matos abusou desses devorteios. Achei ótimos. A trama vai se seguindo na lenta montagem de odores, sabores e a malícia que vai da cozinha ao quarto licencioso. Personagens descasados e misteriosos, aqui e ali se encontram num falar de linguagem, de emoções, de gestos e de desilusões. Mistérios pairando no ar. Os sinos dão cadência à velha São João Del-Rey”, analisa Onofre Ribeiro.

Onofre, que também é jornalista e apresenta o autor na primeira obra, afirma que o livro surpreende com uma vertente leve, torneando personagens e fatos numa doçura quase inocente de quem vê a vida como uma estrada que não precisa necessariamente ser sinuosa. “Agora, é esperar que Rui Matos nos conduza com a mesma doçura, em breve, com os próximos livros que completarão a trilogia Agnus Dei para outros mares nunca dantes navegados”, concluiu Onofre Ribeiro.

Sobre a depressão, o autor diz estar em tratamento e que espera a cura em breve. “Hoje procuro não pensar em depressão. Sinto que estou mais forte que a doença, pois tive a coragem de procurar ajuda e fui amparado por familiares e amigos. No terceiro livro da trilogia, que poderá se chamar Muitos de Mim, pretendo continuar descrevendo superação e não apenas dor. Talvez, a única faceta pessoal nessa história seja a vontade de vencer a depressão. E isso irei conseguir, certamente”.

Por causa da proliferação do novo Coronavírus, o autor decidiu não realizar lançamento físico do segundo livro, bem como a segunda edição do primeiro. Optou pela divulgação dos e-books pelas redes sociais e pela Imprensa.

E-BOOK

Mesmo vendo o mercado literário se recuperando diante da pandemia da Covid-19, o autor optou por divulgar as obras apenas no formato e-book.  Segundo o relatório “Painel do Varejo de Livros” (Nielsen), realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), houve um crescimento de 38,38% na venda de exemplares e de 28,46% em faturamento global em março de 2021. O resultado positivo é um comparativo com dados do mesmo mês em 2020, quando a pandemia começou no Brasil. Em números absolutos, os estabelecimentos monitorados pela Nielsen registraram a venda de 3,9 milhões de exemplares, o que resulta no faturamento de R$ 165 milhões.

“Mesmo assim, decidimos apostar no formato digital justamente pensando nos riscos da pandemia. Eliminamos a figura da livraria, do vendedor, do Correios e do novo Coronavírus”, salienta Rui Matos. Fora isso, tem o lado social do autor que decidiu disponibilizar as duas obras na plataforma Amazon para leitura gratuita em língua portuguesa por certo período a partir de julho. Apenas o e-book No Mar de Água Doce em língua inglesa será comercializado por preço popular. “Em língua inglesa vamos buscar um caminho novo aos autores que não são assistidos por grandes editoras. Nossos editores precisam apostar mais em títulos brasileiros traduzidos para o inglês e, principalmente, o espanhol”, aposta. “Há tantos poemas, poesias e crônicas regionais que, certamente, agradariam argentinos, uruguaios e chilenos, só para citar alguns povos”.

Rui Matos defende que haja popularização das obras de pequenas editoras, como é o caso da Carlini & Caniato, sua editora. “Ramon Carlini e Elaine Caniato debruçam sobre os projetos para que as obras se tornem produtos literários e não seja apenas mais um livro. Há toda uma equipe de preparadores de texto, arte, revisores, tradutores e editores envolvidos. É um trabalho que completa e valoriza o trabalho do autor. Em todas as regiões há bons autores e vemos isso diariamente pelas redes sociais. O que falta, certamente, é apoio oficial e, muitas vezes, a valorização por parte de alguns leitores pelo que é regional. Pelo que é nosso”.

SIGA O AUTOR

Até que os e-books estejam disponíveis gratuitamente no amazon.com.br, a partir de julho, no Instagram já pode-se ler trechos das duas obras de Rui Matos: @rui.matos.escritor

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Parmenas Alt
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