segunda-feira, 13/05/2024
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Meningite ainda mata de 20% a 35% dos pacientes

Há vacina para os dois tipos da doença, mas elas custam caro e não são distribuídas pelo governo. Nas clínicas particulares, a pneumocócica conjugada é vendida por cerca de R$ 220 e a meningocócica, por R$ 140. Estima-se que apenas 10% das crianças hoje sejam imunizadas contras essas doenças no País.

A inclusão da vacina no calendário oficial está longe dos planos do governo. “Os preços são ainda proibitivos para essas vacinas serem distribuídas em massa”, justifica Expedito Luna, diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. “Se hoje todos os recém-nascidos recebessem a vacina contra a bactéria pneumococo, por exemplo, ao preço do mercado, eu gastaria mais com ela do que com todas as vacinas do nosso calendário juntas.”

Hoje, nascem 3,5 milhões de bebês no Brasil por ano. Como cada criança tem de receber pelo menos três doses da pneumocócica, pelo preço atual o governo gastaria em torno de R$ 2 bilhões anualmente. O Orçamento nacional para o Programa Nacional de Imunizações é de R$ 750 milhões.

Nos Estados Unidos, a vacina contra a bactéria pneumococo foi incorporada ao calendário oficial em 2000. No ano passado, o Centro de Controle de Doenças americano publicou os primeiros resultados depois da inclusão. O número de casos provocados pela bactéria pneumococo foi reduzido em 77% em bebês com menos de 1 ano, em 83% em crianças de 1 a 2 anos e 72% na faixa de 2 a 3 anos.

No Brasil, num dos Centros Educacionais Unificados (CEU), da zona Sul de São Paulo (a direção da escola pediu para não identificá-lo), só neste ano foram registrados três casos da pneumocócica. Um deles com morte.

“Não entendi nada, dei todas as vacinas no posto e ele morre de uma doença que tem vacina?”, conta Solange dos Santos, de 22 anos, mãe de Leonardo dos Santos, aluno do CEU e vítima da pneumocócica há um mês, aos 7 anos (veja texto abaixo). No posto de saúde, o menino foi imunizado contra a meningite causada pela bactéria Haemophilus influenza B (Hib), a única distribuída pelo governo. Com a vacinação em grande escala, o número de casos da Hib atualmente é mínimo, cerca de 30 por ano em São Paulo, por exemplo.

Depois da morte de Leonardo e os outros dois casos, os diretores da escola solicitaram à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima uma vacinação em massa no CEU, o que não ocorreu. O governo até distribui a pneumocócica e a meningocócica conjugada, mas apenas para grupos de risco, como portadores de HIV, de doenças pulmonares crônicas ou para quem vai se submeter a transplantes.

O governo aplica uma vacina contra a meningocócica em surtos, mas de qualidade inferior à distribuída para grupos de risco e à vendida em clínicas particulares, a chamada meningocócica polissacarídica, ineficaz em crianças com menos de 2 anos de idade e com tempo de imunização limitado, de três a cinco anos.

Os subtipos

Há um dado sobre a doença que não é levado em conta no anúncio de que o número total de casos tem caído – os subtipos da meningite. A meningocócica, especificamente, tem dois sorotipos principais, o B e o C. Em 2005, 63% dos casos identificados no Estado da meningocócica foram do sorotipo C, 32% do sorotipo B e 5% de outros. “Nas duas últimas décadas, foi o contrário, cerca de 70% dos casos foram do tipo B e a minoria do tipo C”, conta Paulo Olzon, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Os sorotipos B e C agem no organismo de forma muito parecida e têm sintomas semelhantes. No mercado, só há vacina contra o C, o tipo em maior número atualmente. “A oscilação faz parte do ciclo natural da bactéria”, explica Marco Aurélio Sáfadi, pediatra e infectologista do Hospital São Luiz, em São Paulo, e professor de pediatria da Faculdade de Medicina da Santa Casa. “Mas ela certamente seria muito menor se a doença fosse combatida em massa.”Q

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Parmenas Alt
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