terça-feira, 14/05/2024
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Nos jornais: governo opera para controlar foco da CPI

Governo opera para controlar foco da CPI

Centralizar tudo nas mãos de poucos para evitar eventuais vazamentos de documentos sigilosos, poupar a Delta Construções, limitar a apuração aos funcionários da empreiteira com participação no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e tentar pôr o foco das investigações em cima do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo. Esta é a estratégia que começou a ser montada pelos partidos aliados do governo, em especial o PT, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira.

Incentivados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os petistas buscarão tirar o foco das investigações de cima da Delta Construções, principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. A ideia é impedir a convocação de empregados da empresa que não têm relação com o esquema de Cachoeira, como defende a oposição. A oposição estuda elaborar requerimentos, que os governistas tentarão derrubar, propondo a convocação dos diretores e gerentes da Delta dos 23 Estados onde existem obras da empresa.

Ao mesmo tempo em que tentam restringir as investigações em torno da Delta, a orientação é procurar incriminar o governador tucano no esquema ilegal de Carlinhos Cachoeira. A tática dos governistas é verbalizada pelo líder do partido na Câmara, Jilmar Tatto (SP), e será posta em prática tão logo sejam analisados os documentos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.

Dilma manda divulgar contratos com Delta

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse ontem que a criação da CPI do Cachoeira já começou a ter consequências. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff determinou que todos os contratos do governo federal com a Construtora Delta, uma das supostas beneficiadas pelo esquema de Carlinhos Cachoeira, sejam publicados na internet. O objetivo é dar transparência às operações da Delta com a União.

Ele destacou que a presidente Dilma tem acompanhado “de longe” os trabalhos da comissão. “A postura do Executivo tem sido de deixar os trabalhos andarem sem interferências. Dilma tem muita gordura para queimar”, disse Maia, referindo-se à credibilidade da presidente com a opinião pública. O petista participou ontem do Fórum de Comandatuba, na Bahia.

O vice-presidente Michel Temer (PMDB), também presente no evento, reforçou a distância do Executivo com as investigações da CPI. “O governo não entrou nesse processo, que é de competência do Congresso. Não estamos preocupados, a CPI não vai atrapalhar o governo”, afirmou.

Agnelo perde apoio e PSB e PPS ameaçam deixar base

Abandonado à própria sorte pelo Palácio do Planalto, sob ameaça de ser convocado pela CPI do Cachoeira, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), enfrenta debandada de aliados. Nos próximos dias, dois partidos importantes da base – PSB e PPS – devem anunciar seu desembarque do governo, seguindo o caminho do PDT.

Crítico dos rumos do governo e ressentido com o espaço que ocupa, o PSB chegou a marcar sua saída na semana passada, mas cedeu a um apelo de Agnelo. Adiou a decisão por dez dias, período em que consultará diretórios. A tendência é que a legenda devolva duas secretarias e 52 cargos de confianças. “Discutir a saída é sinal de que há uma insatisfação grande”, resumiu o senador Rodrigo Rollemberg, maior liderança local do partido.

Grampo indica elo entre Perillo, Cachoeira e Delta

Diálogos interceptados pela Polícia Federal em julho de 2011, na Operação Monte Carlo, indicam que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), teria se comprometido com o contraventor Carlinhos Cachoeira para contratar a empreiteira Delta, sem licitação, para restaurar rodovias do Estado.

No diálogo gravado, Wladimir Garcez, ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia e ex-vereador, lembra a Cachoeira que Marconi fez o acerto na casa de Edivaldo Cardoso – ex-presidente do Detran de Goiás, exonerado no início deste mês após a divulgação de sua relação com o contraventor.

Garcez cita o governador ao responder à Cachoeira que o pagamento pelas obras será feito pelo Detran. “Tem, uai, o Detran tem verba, recurso”, responde ele. “Isso é aquilo que o Marconi – você lembra – falou, inclusive, lá na casa do Edivaldo para nós dois”, acrescenta.

Outra conversa grampeada aconteceu no dia 3 de agosto do ano passado. Nela, o ex-vereador conversa com o então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, preso na última quarta-feira. Ambos sinalizam como corriqueira a iniciativa de Perillo de lotear os contratos da Agência Goiana de Obras e Transportes (Agetop) com a Delta-Carlinhos, como consta no áudio.

Delta já recebeu R$ 3 bi de recursos do PAC

A Delta Construções é a empreiteira que mais recebeu recursos do Orçamento federal para executar projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De 2007, ano de criação do programa, até agora, foram perto de R$ 3 bilhões, segundo levantamento da organização não-governamental Contas Abertas. A Queiroz Galvão, que fica em segundo lugar, recebeu R$ 1,7 bilhão no período.

Os dados não levam em conta os serviços que a Delta prestou a empresas estatais, como a Petrobrás. Nesse universo mais amplo, a empreiteira já embolsou R$ 4,130 bilhões, segundo informou o governo à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira.

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Parmenas Alt
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