terça-feira, 14/05/2024
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Operário Várzea-grandense desiste da contratação do goleiro Bruno

Tudo foi após protestos de grupo de mulheres contra a contratação e suspensão de patrocínios

Após protestos e até mesmo a suspensão de patrocínio, a diretoria do Clube Esportivo Operário de Várzea Grande informou, ontem, que desistiu da contratação do goleiro Bruno Fernandes, condenado a mais de 20 anos de prisão por participação na morte da modelo Eliza Samudio, mãe de um filho dele. Na última sexta-feira (17), o juiz Tarciso Moreira de Souza, da Vara de Execução em Meio Aberto e Medidas Alternativas da Comarca de Varginha (MG), havia autorizado o goleiro a cumprir a pena por homicídio triplamente qualificado, em Mato Grosso.

Mas, desde o seu anúncio, a vinda de Bruno para jogar no Operário várzea-grandense tem gerado polêmica desde o início do ano. Havia uma expectativa era de que ele fosse apresentado aos torcedores ainda nesta última terça-feira (21), data de estreia no time contra o Poconé, no Estádio Municipal de Várzea Grande, o “Dito Souza”. Contudo, como a decisão da Justiça de Minas Gerais ainda não havia sido publicada até a manhã de ontem (22), também não havia uma data exata para a chegada e apresentação de Bruno ao Tricolor.

Já o jogo de terça-feira abriu a 1ª rodada do Campeonato Mato-Grossense 2020. Na mesma noite, em frente ao estádio, um grupo de mulheres também protestou contra a contração do ex-goleiro do Flamengo. O ato organizado pelo “Bloco das Mulheres” contou ainda com a presença de homens, que seguravam cartazes com frases como “Feminicida não pode ser exemplo”, “Não compre ingresso, não pague para ver feminicida”, e “Operário sim, assassino não”.

O Conselho dos Direitos da Mulher de Mato Grosso repudiou a contratação de Bruno por acreditar que “ultrapassa a questão esportiva” e “alcança as famílias e as crianças”. “Não somos contra a ressocialização, mas o esporte cria ídolos e as crianças aprendem valores com essa super exposição que o esporte proporciona. O que mais lutamos é contra o crime que ele cometeu”, afirmou em nota a presidente Gláucia Amaral.

Diante da polêmica, o clube várzea-grandense teve ainda contratos com patrocinadores suspensos. Entre eles, o da Cooperativa Sicredi, uma das principais patrocinadoras do campeonato, ao lado da Lojas Martinello. Segundo a assessoria, o contrato do Sicredi com a Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) está mantido. A única recomendação é de que, caso confirmada a contratação do goleiro, a marca da cooperativa não seja estampada nos uniformes do time.

E, em função da repercussão negativa, Bruno poderá não mais jogar pelo tricolor. Em nota divulgada à imprensa, a diretoria do Operário informou, através de nota à impresa, sobre a desistência da contratação de Bruno. “Pelo presente, viemos comunicar que o Clube Esportivo Operário Várzea-Grandense não contratará o atleta Bruno Fernandes das Dores de Souza”, diz trecho da nota.

Bruno conseguiu a progressão de pena do regime fechado para o semiaberto em 19 de julho do ano passado após uma decisão da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha (MG). No ano passado, ele jogou pelo Poços de Caldas (MG).

O Conselho dos Direitos lembra que, em Várzea Grande, é um dos municípios com os índices mais altos de mulheres que sofrem violência e morrem todos os dias. Levantamento da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEAC) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) aponta que 87 mulheres foram assassinadas em Mato Grosso em 2019, sendo que 39 casos correspondem a feminicídios.

As ocorrências desta natureza ocorreram no interior do estado, nos municípios de Primavera do Leste (4), Sinop (3), Várzea Grande (3), Chapada dos Guimarães (2), Peixoto de Azevedo (2), Rondonópolis (2) e Sorriso (2). A tipificação de feminicídios foi incluída pela Lei 13.104/2015 na categoria de crime contra a vida no que diz respeito a homicídio de mulheres praticados em virtude de violência doméstica e familiar ou menosprezo/discriminação contra a condição de mulher.

Com Diário de Cuiabá

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Parmenas Alt
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